Por Caroline Capitani* – A preocupação com o ESG – sigla em inglês que se refere a questões ambientais, sociais e de governança corporativa – é cada vez mais latente e forte dentro das organizações. Quando pensamos em tecnologia, é importante destacá-la como uma das principais impulsionadoras do movimento, especialmente na era de dados que estamos vivendo. Recentemente, li sobre o “T” que falta na sigla, porém, prefiro observar sob a ótica da abundância: o “T” que estimula o ESG. A tecnologia pode derrubar barreiras sociais, mas também pode exacerbar a desigualdade e a discriminação se não for usada com sabedoria.
Sabemos que a tecnologia pode, por exemplo, facilitar a identificação de comportamentos discriminatórios e combatê-los, por meio da Inteligência Artificial (IA), ajudando a superar preconceitos, em vez de perpetuá-los, com a orientação dos humanos que projetam, treinam e refinam seus sistemas. Já as empresas, por outro lado, possuem o desafio de desenvolver a cultura interna dos colaboradores para a temática do ESG. A solução DoGood é um ótimo exemplo, já que é um software que impulsiona e engaja todos os colaboradores na estratégia de ESG do negócio.
Outra empresa que está utilizando a tecnologia para impulsionar o ESG é a Braskem, maior produtora de resinas termoplásticas das Américas e líder mundial na produção de biopolímeros, que, com o objetivo de engajar a inteligência coletiva para o desenvolvimento sustentável de embalagens, criou e lançou o Cazoolo, Lab de Design de Embalagens Circulares. O resultado foi um site dinâmico, moderno, intuitivo e de fácil navegação, em que possíveis parceiros podem inscrever seus projetos sustentáveis e ideias inovadoras.
Tenho percebido o quão relevante é, dentro do ESG, trabalhar com dados e tecnologias analíticas. Como exemplo, cito a Lynxai, uma plataforma baseada em dados, que torna o investimento ESG mais eficiente. A empresa está construindo uma solução Software as a Service (SaaS), que cria recomendações, baseadas em dados, para gerentes de ativos, bancos e fundos de investimento. A ideia é fornecer informações quantitativas e qualitativas para as companhias alterarem seus portfólios de acordo com os padrões ESG, melhorando o desempenho e diminuindo riscos financeiros.
Quando comecei a pesquisar, investigar e explorar mais detalhes sobre tecnologia e ESG, identifiquei uma série de casos de usos reais ou de possíveis aplicabilidades. Em sustentabilidade, a IA pode ser usada para monitorar mudanças climáticas, otimizar os serviços de água e saneamento, além de gerenciar e resolver os problemas de transporte e mobilidade. Existem vários casos de uso da tecnologia IoT em sustentabilidade, que vão desde auxiliar na adoção de práticas que minimizem o desgaste e o uso de combustível, otimizando a gestão de tráfego e rotas, até rastrear e medir relatórios de economia circular.
Vale destacar ainda o uso da tecnologia Blockchain em sustentabilidade, para autenticar e certificar carbono, que pode produzir compensações. Neste caso, a tecnologia é necessária para medir, rastrear, contabilizar e negociar de forma mais eficaz os créditos e as compensações de carbono. Além disso, é possível criar incentivos e recompensas para conduzir princípios de financiamento descentralizado (DeFi), aumentando a transparência e gestão do processo de governança.
Não há dúvidas de que o ESG precisa ser o foco de empresas que pretendem continuar crescendo, tornando-se mais fortes e resilientes no futuro. Agir de acordo com essas práticas deixou de ser apenas uma questão de propósito e tornou-se essencial para a sustentabilidade dos negócios. De acordo com dados da Morgan Stanley Capital International (MSCI), fundos de investimento estão preferindo apoiar marcas compromissadas com o ESG.
Diante deste cenário extremamente desafiador, que exige do mercado mudanças rápidas e potentes, a tecnologia se tornou impulsionadora, desenvolvendo soluções que focam no aumento do lucro, ao mesmo tempo que se preocupam com o ESG. Sendo assim, passou a ser uma ferramenta imprescindível para as organizações incorporarem estratégias e práticas efetivas.
*Caroline Capitani é VP de Inovação e Digital Design da ilegra, empresa global de design, inovação e software