Melles é reeleito para presidência do Sebrae Nacional sob denúncia de misoginia e improbidade administrativa

O ex-deputado e presidente do Sebrae Nacional, Carlos Melles, foi reeleito hoje (29) por 13 dos 15 votos de representantes de confederações empresariais e do governo com assento no Conselho Deliberativo da instituição. A Associação Brasileira dos Sebrae Estaduais (ABASE) se absteve de votar e a Caixa Econômica Federal não mandou seu representante para a votação, que ocorreu à portas fechadas num hotel de Brasília e não na sede da Instituição. Melles está sendo acusado por funcionários de ter cometido improbidade administrativa e assédio moral. Vídeos contendo trechos de reuniões que ocorreram em diversas ocasiões no Sebrae Nacional sugerem que o presidente chegou a até praticar atos de misoginia contra funcionárias.

O desfecho dessa situação ainda está longe de ser alcançado. Mesmo reeleito, o presidente do Sebrae terá agora de conviver com um corpo funcional que não lhe tem mais respeito; apenas medo. Politicamente os desdobramentos ainda estão por vir, pois o governo, exceto a Caixa, acabou apoiando a reeleição de Carlos Melles.

A revelia de um pedido feito pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin para adiar essa eleição, pois o Governo Lula, ainda em processo de transição, queria construir uma nova diretoria para o Sebrae. O nome cotado era o da senadora Katia Abreu, como forma de manter o prestígio ao agronegócio, que através da Confederação Nacional da Agricultura da apoio político à Carlos Melles. Pelo visto, o Ministério da Economia do Governo Bolsonaro decidiu não dar chance de o Governo Lula ocupar a direção da entidade que presta apoio para milhões de micro e pequenas empresas, além de empreendedores individuais.

Para facilitar a reeleição do atual presidente, misteriosamente foi retirada na última hora a candidatura de oposição ao cargo lançada por Antonio Eduardo Diogo de Siqueira Filho. No dia 24 de novembro o Sebrae havia anunciado que haveria a disputa ao cargo graças aos requerimentos de apoio a Antonio Eduardo feitos pelos conselheiros titulares da União, do BNDES e do Banco do Brasil.

Os demais candidatos aos cargos de diretoria do Sebrae Nacional obtiveram 14 dos 15 votos dados pelos conselheiros do Sebrae. Apenas a Caixa não estava presente. Dentre os eleitos o destaque vai para a diretora Margarete de Castro Coelho, que também contou com o apoio da CNA.

Acompanhar o mandato dela na diretoria do Sebrae ao lado de Carlos Melles será deveras interessante. Margarete Coelho não é do tipo de mulher que, como profissional, goste de levar para casa desaforos praticados por homens em posição de chefia. E isso ela já deixou claro em rede social:

Inclusive Margarete fez questão de registrar o seu repúdio total aos atos de misoginia praticados contra a ministra do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia, pelo ex-deputado Roberto Jefferson:

*A conferir como será o comportamento dela nas próximas reuniões de diretoria do Sebrae Nacional.