A escolha de cada um e o impacto coletivo

Muita gente boa dentro das estatais de TI e Telecom admite, ainda que de forma tímida (eu não os condeno por isso), que votou errado em Bolsonaro ou anulou o voto porque a opção Haddad do PT não era digerível. Nem tanto pelo candidato, mas muito mais por causa do partido.

Na época cheguei a alertar para o problema de se escolher um candidato, sem avaliar, contudo, a equipe de governo.

Deu no que deu.

Quem votou em Bolsonaro passou todo o sufoco das privatizações com Paulo Guedes e sua equipe nos últimos três anos. O assunto agora está em “banho Maria”, sem perspectiva de ir à frente, ainda neste governo, mas a depender de quem assumir o próximo governo já terá meio caminho andado no processo.

Temos agora um novo cenário político pela frente. Mas embora Lula esteja consolidado na dianteira das pesquisas, ainda há uma possibilidade de o barco eleitoral virar para um segundo turno. Não subestimem as forças de direita faltando quase um ano para a eleição. Treino é treino, jogo é jogo.

E quem seria o provável adversário? 

A meu ver, Sérgio Moro estará nessa disputa do segundo turno como a “terceira via”, com a candidatura sendo sustentada pela direita arrependida com Bolsonaro. Os votos direcionados a Moro virão dessa ala da direita encarnada nos partidos de centro e o PSDB, além da massa de eleitores que optou pela abstenção nas últimas eleições por não querer nem Bolsonaro e nem Haddad ou o PT.

Definido o cenário eleitoral, vamos partir para o que interessa: quem estará por trás de Moro comandando a Economia?

Hoje o nome provável que já desponta no noticiário nacional é do economista e doutor Afonso Celso Pastore. Sua passagem pelo governo federal ocorreu entre os anos de 1983 a 1985, quando foi presidente do Banco Central no Governo FHC.

Pastore é mais um “nome do mercado”. O que significa isso para você, pobre mortal da TI das estatais? Significa que ele não difere muito, embora seja uma versão bem melhorada, do atual ministro Paulo Guedes. Ainda não entendeu o contexto? Então Leia esse artigo dele, cujo título é:

PRIVATIZAÇÕES: UM ARGUMENTO ESQUECIDO

Não estou aqui sugerindo que não votem em Sérgio Moro ou que votem em Lula para evitar seja lá quem for. Voto é problema de cada um e as consequências da escolha também.

Voto para mim nesse cenário que se apresenta hoje seria em Ciro no primeiro turno e Lula no segundo. Porém Ciro está perdendo espaço e densidade eleitoral, o que levaria meu voto a colocar o candidato da direita no segundo turno e não ele. Estou reavaliando isso.

Votar em Lula é uma coisa, no PT outra. Lula para mim foi o melhor presidente que este país já teve. Já o PT tenho ressalvas com uma parte dele. Mas uma coisa posso assegurar com toda a certeza: anular o voto, se omitir quanto ao futuro deste país, jamais.

Estou apenas tentando dizer que eleição não se resume à simples escolha de um bom nome. Existem fatores por trás da escolha que precisam ser levadas em conta. A que mais me motiva a acompanhar com lupa o assunto daqui para a frente é a Economia. Seja quem for o próximo presidente, ele irá pegar um país devastado. Não será fácil governar.

Portanto, prestem a atenção desta vez nas eleições presidenciais e em todos os níveis. Não adianta escolher presidentes e mandar para o Congresso corruptos ou adversários da proposta de governo que mais te agrada. O país está ingovernável e nas mãos do Centrão justamente por causa disso.

*A escolha fica com você, assim como as consequências futuras também.