Por Walter Sanches* – Não é novidade que metais como o Cobre e o Alumínio movimentam de maneira significativa a economia. No caso do Cobre, segundo a consultoria KPMG, em 2030, o mercado demandará 28,4 milhões de toneladas deste metal, havendo déficit de 5 milhões de toneladas. Já o Alumínio, de acordo com a Mordor Intelligence, está preparado para crescer a um CAGR de 3,5% até 2028.
Tendo em vista este cenário, a expectativa é que, em se tratando do Cobre, haja crescimento da demanda de seus produtos semielaborados em setores alvo que demandam o metal, como é o caso da área de Construção Civil. Neste segmento, em específico, o Cobre e suas ligas podem ser aplicados em fios e cabos por sua excelente condutibilidade elétrica, além de ser empregado onde há troca de calor, como nos aquecedores de água de diferentes obras.
Além disso, sua versatilidade pode ser expandida com o uso de ligas, dentre elas o Latão, (mistura de Cobre e Zinco), nos formatos de barras, perfis especiais, fios, laminados e tubos que resultarão em válvulas, torneiras e outros metais sanitários, cadeados, chaves, tomadas, interruptores e, até mesmo, parafusos de fixação.
Outras camadas da economia também seguirão se beneficiando das vantagens do Cobre nos próximos anos, como é o caso do setor Aeroespacial, Automotivo, da Indústria e Geração, Transmissão e Distribuição (GTD), bem como o segmento de Refrigeração.
No caso do mercado Aeroespacial, as ligas de Cobre são amplamente utilizadas na produção de componentes aeroespaciais, como por exemplo, os trens de pouso de aviões comerciais e militares. Já na indústria e Geração, Transmissão e Distribuição (GTD), o metal tornou-se crucial devido à sua excelente propriedade térmica e elétrica, enquanto no segmento de Refrigeração, são aplicados no formato de tubos e conexões, apoiando a eficiência de aparelhos como o ar-condicionado, geladeiras e refrigeradores comerciais.
Outra projeção relevante com relação ao Cobre está na gradual expansão de tecnologias alinhadas à descarbonização, a qual fomenta o seu consumo. No Automotivo, por exemplo, o metal pode ser utilizado no contexto dos carros elétricos, uma vez que de acordo com a National Geographic, um automóvel totalmente elétrico utiliza três vezes mais Cobre do que os modelos à gasolina.
Mas e o Alumínio?
No caso do Alumínio, as projeções são igualmente promissoras, muito atreladas a alta demanda do setor elétrico para transmissão e distribuição de energia, resultado de uma necessidade de novas linhas com concessões já arrematadas desde 2021, bem como de substituição e adição de linhas para transmitir energia gerada dos projetos eólicos e solar.
Isto porque, o Alumínio conta com benefícios sustentáveis que podem se estender para projetos de linhas de transmissão. Por ser mais leve, quando utilizado nas estruturas, exige menos dos veículos de transporte, gerando menor consumo de combustível, sem contar com o seu alto poder de reaproveitamento.
Contudo, é importante ressaltar que todas essas movimentações envolvendo o Cobre e Alumínio dependerão diretamente das condições macroeconômicas globais, especialmente no Brasil, no que tange o controle da inflação e taxa de juros elevadas, especialmente dos Estados Unidos e China, sendo o último o principal consumidor do metal vermelho.
Outro ponto de atenção e que impacta diretamente o mercado de metais está relacionado às paralizações e altos custos nas mineradoras da América Latina, fator este que deve ser acompanhado de perto pelo mercado como um todo.
As práticas sustentáveis
Dado a contextualização de descarbonização da economia e ampliação das práticas de ESG em diferentes indústrias, o crescimento dos setores de veículos elétrico (VEs) e energias renováveis já é uma realidade no Brasil e essa novidade, conforme já mencionado, pode impactar diretamente o mercado de metais.
No entanto, ainda há um longo caminho a ser percorrido para atingir as metas estabelecidas, uma vez que o setor está iniciando uma nova fase de investimentos e expansões, pensando que a demanda pelo Cobre e Alumínio tende ser elevada nos próximos anos.
Novas tecnologias na indústria de metais
O interesse das indústrias de metais por tecnologias vem crescendo exponencialmente. Alguns levantamentos comprovam esta percepção como o “Monitor da Indústria 4.0”, mesmo o Brasil estando atrás de países mais desenvolvidos, conforme aponta a pesquisa.
Embora as indústrias historicamente não são as que mais aplicam tecnologia em seus processos, o conceito de Indústria 4.0 acordou o setor para a necessidade de utilização da tecnologia como forma de tornar o mercado industrial ainda mais competitivo.
Isto porque, nas indústrias de transformação, o principal papel da tecnologia é encurtar o tempo de processo, desde o fornecedor até o cliente, atuando de maneira direta, através da Robótica, por exemplo, para ajudar a aumentar a capacidade de um centro de serviço e aprimorar a qualidade dos produtos.
Isto sem contar no apoio quanto ao fornecimento de informações importantes sobre o ambiente produtivo ou sobre o mercado, coletado via ferramentas de Big Data e Internet das Coisas.
Desta forma, à medida que o mercado evolui no que diz respeito às boas práticas de ESG e inovações agregadas, o setor de Cobre e Alumínio tende a crescer junto, proporcionando não apenas vantagens competitivas a diferentes setores, mas também assegurando a qualidade nas entregas, consolidando assim a importância estratégica e sustentável desses metais em uma economia em constante transformação.
*Walter Sanches é Diretor de TI e Planejamento da Termomecanica.