“Relatório de Vigilância do Governo” da empresa holandesa de segurança cibernética Surfshark – subsidiária da Nord Security – com 177 países que solicitam dados de usuários a partir dos relatórios de transparência publicados pela Apple, Google, Facebook e Microsoft, mostra que o Brasil está na 14ª posição no ranking mundial. Na América do Sul, após a aceleração da “transformação digital” pelo Governo Bolsonaro, o país tornou-se o primeiro colocado em vigilância nas redes sociais, seguido da Argentina (26º colocado); Chile (30º); Colômbia (48º); Equador (52º); Uruguai (53º); Peru (63º); Paraguai (69º); Venezuela (87º); Bolívia (115º). As três Guianas não aparecem no relatório.
Não é à toa que o Brasil já acabou sendo denunciado na imprensa por práticas moralmente questionáveis, como no caso do Ministério da Justiça, na gestão André Mendonça (hoje ministro “terrivelmente evangélico” no Supremo Tribunal Federal), que foi flagrado criando relação de jornalistas atuantes nas redes sociais.
No Brasil, as contas solicitadas cresceram 89% em 2020 em relação a 2019. Em geral, as empresas enviam dados de usuários para mais de dois terços das solicitações. A taxa geral de divulgação no Brasil é de 67%, o que significa que 7 em cada 10 solicitações de informações de contas são atendidas. Para colocar isso em perspectiva, ao longo de 8 anos as empresas divulgaram dados de cerca de 252,9 mil contas brasileiras.
Vejam os 26 países que mais coletam informações de pessoas nas redes sociais:
Comportamento global
De acordo com a Surfshark, mais de 5 milhões de contas foram solicitadas em 177 países de 2013 a 2020, com um aumento constante nos últimos anos. A pesquisa mostra que as autoridades dos EUA e da UE solicitam a maioria dos dados. A Apple atendeu à maioria das solicitações de dados do usuário (80%) em comparação com Microsoft, Facebook e Google (de 69% para 72%).
Durante o primeiro ano da pandemia de COVID-19, o número de contas especificadas em solicitações de dados para vigilância governamental aumentou de 900 mil para 1,3 milhão, o que significa um crescimento de 40%.
“O crescimento maciço do crime online em 2020 foi acompanhado pelo aumento nas solicitações de dados que as empresas de Big Tech receberam”, avaliou Agneska Sablovskaja, pesquisadora principal da Surfshark.
*A pesquisa está no seguinte endereço eletrônico: https://surfshark.com/user-data-surveillance-report
(Imagem extraída da página do Laboratório UERJ de Trabalho e Previdência)