Hoje é dia de conferir aqueles que defendem realmente uma “banda larga para todos” e que tem vergonha na cara. Está na hora de verificarmos quem joga para a platéia e quem joga contra a inclusão digital no país.
Não fiz outra coisa, há meses, que não fosse denunciar – praticamente sozinho – a manobra que começou a ser engendrada no Ministério das Comunicações, desde que Paulo Bernardo assumiu o cargo. Ele e o ministro da “Inclusão Digital”, Cezar Alvarez, que nas horas vagas também é secretário executivo – se bandearam para o lado das empresas de telefonia.
O PNBL original – que levaria através da Telebrás a infraestrutura até a porta da cidade onde a competição é piada em 99% dos casos, pois a Oi é quem comanda o monopólio dos preços do acesso á Internet – micou. A estatal virou apenas vendedora de rede no atacado. Deixará de cumprir um dos objetivos para o qual foi recriada com dinheiro do contribuinte pelo presidente Lula: Prover o acesso a ìnternet de alta velocidade, via provedor, lan house, ou prefeituras – somente quando as empresas de telefonia mostrassem que não têm o interesse comercial de competir numa área, onde a renda da população é baixa para pagar pelos seus serviços.
A intenção inicial da Telebrás no PNBL era abrir um leque de oportunidades para pequenos provedores de acesso à Internet poderem comprar links da estatal à preços baixos (sem a extorsão costumeira que as teles promoviam na venda desses mesmos links), para poderem competir com as concessionárias no serviço de banda larga.
Mesmo algumas empresas de telefonia estavam dispostas a fazer parceria com a Telebrás para se tornarem complementares na construção de grandes redes, como a TIM, Intelig e GVT. Isso também está com cara de que vai micar.
De lá para cá mudou o discurso do Ministério das Comunicações. O interesse agora é atender a Oi, torná-la capaz de prover banda larga de qualidade, com dinheiro público, meta que deveria ser obrigatória e imposta contra esta empresa, mas nunca ocorreu. A mesma proposta feita lá atrás pelo ex-ministro Hélio Costa, e que foi execrado em praça pública, pelos mesmos embusteiros, alguns até jornalistas de grandes jornais, que hoje aplaudem o discurso fácil do envolvente ‘tuiteiro’ Paulo Bernardo.
A Oi faz o que quer neste país. E faz porque parte dos seus principais sócios são fundos de pensão de grandes estatais, que acham que o governo é quem deve pagar a conta do projeto para entregar de mãos beijadas à Oi a Internet brasileira. Mais uma vez querem assaltar o BNDES para isso.
E agora o senhor ministro Paulo Bernardo tornou-se porta-voz das empresas de telefonia. Aonde vai, não cansa de falar que serão necessários mais recursos para a banda larga. Só não coloca dinheiro na Telebrás para cumprir sua missão oficial.
Ou seja, prefere investir direto no monopólio. Já fala agora na necessidade de despejar R$ 144 bilhões na construção de redes, porque a “Internet vai congestionar” com o PNBL. Não por acaso o mesmo valor que as teles defendem para levar a Internet para “todo o Brasil”.
Já está congestionada senhor ministro e há séculos. Simplesmente porque essas empresas não investiram em rede, mas venderam pacotes ( Internet, telefone e TV por assinatura) todos os dias e sem parar. Não foi por acaso que em São Paulo o Speedy chegou a ser paralisado pela justiça.
O que o ministro vem escondendo da opinião pública é que ele agora quer despejar mais grana pública na Oi, para ela construir a sua rede de acesso até casa do tolo que irá pagar: telefonia, internet banda larga e TV por assinatura. Uma venda casada e descarada, que renderá mais lucro para essa empresa. Primeiro, renderá lucro porque o sujeito pagará R$ 35 pelo pacote. Segundo porque pagará mais R$ 45 de assinatura básica (em média), por um telefone fixo que pode até não usar.
Mas pagará compulsoriamente assim mesmo. Um grande negócio que costumo chamar de “PNBTeles”.
Hoje haverá um “tuitaço” contra Paulo Bernardo, promovido por entidades sérias que acordaram para o problema e pretendem não ficar caladas. (Leia a notícia disto Aqui).
* Se você quer uma banda larga de qualidade, mas acredita que as classes mais humildes do país também têm o direito ao acesso ao serviço, sem a necessidade de se espremerem num telecentro, então deve se manifestar. Porque para as teles, telecentro é o verdadeiro “lugar dos pobres”.
Ou então fique calado e não reclame da vida depois. Só não seja canalha de dizer que o que está escrito aqui “é coisa do PIG”, que só sabe atacar o Ministério das “Tele-Comunicações”.