Brasília seduz
Tem tanta gente do Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas (NAPP) da Fundação Perseu Abramo, na área de TI/Telecom, circulando em Brasília, tentando se posicionar para pegar uma vaga no governo. A turma tá enlouquecida, vale até uma boca na Ciência e Tecnologia (onde der). Desse jeito a sede da entidade (pelo menos para esse núcleo) deveria ser mudada de São Paulo para a capital federal, para facilitar a vida dos caras. Fica a minha dúvida: cadê o pessoal do Setorial de TI do PT e povo do Instituto Lula? Decidiram ir para a “oposição”?
A Cezar, o que não ainda é de Cezar
No PT o mais “assanhado” que identifiquei para voltar ao poder se chama Cezar Alvarez. Não por acaso, o Coordenador do Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas de Tecnologias de Informação e Comunicação (NAPP). Cezar já esteve coordenando grandes programas de governo na era Lula/Dilma. Foi um dos maiores entusiastas, por exemplo, de governo torrar uma grana preta com um laptop chulé, de configurações irrisórias até para aquela época, em parceria com o MIT. Nunca saiu do papel, no modelo que Cezar queria, mas acabou depois virando o projeto UCA (Um Computador por Aluno), que o MEC chegou a comprar equipamentos, mas com o passar dos anos o projeto virou pó e milhões foram pelo ralo.
A Cezar, o que ainda não é de Cezar 2
Cezar Alvarez também foi um dos principais articuladores do Plano Nacional de Banda Larga, o famoso “PNBTeles”, que escanteou a Telebras para dar para as empresas de telefonia o espaço para fazer a conectividade pública no país (escolas, postos de saúde, bibliotecas etc). Com uma conectividade ruim, de no máximo 6Mbps. Agora Cezar quer interferir na Transformação Digital e na Inclusão Digital, criando uma secretaria especial vinculada ao Palácio do Planalto. Coincidência ou não, as teles também querem a mesma secretaria e já encaminharam pedido ao presidente eleito. Essa turma tá doidinha para comandar o gasto de R$ 3 bilhões que as teles terão de fazer como compromisso de leilão do 5G. E essa grana é só para a conectividade escolar, viu?
To voltando
O ex-deputado tucano, ex-secretário-executivo de Marcos Pontes no MCTI, Julio Semeghini, que faz parte do núcleo de amigos do vice-presidente, Geraldo Alckmin, está retornando ao Brasil nesta semana. Estava no exterior realizando um trabalho com a sua empresa de consultoria. Ele tem sido o nome lembrado em todas as rodas políticas de Brasília, inclusive no PT, para ser o futuro Secretário de Governo Digital. Aquela secretaria que tem poderes imperiais e dita as regras da TI no Governo Bolsonaro. Para Semeghini ocupar essa secretaria precisará, primeiro, vencer a “volúpia pelo poder” de Cezar Alvarez. Salve-se quem puder!
Efeito Mazoni
Causou o maior rebuliço político a postagem do ex-governador do Paraná, Roberto Requião, se dizendo “com saudades” do tempo em que Marcos Mazoni presidiu o Serpro. Para muitos a postagem no Twitter foi interpretada como um recado de Requião para Lula. Para outros, não há a menor chance disso ocorrer. A meu ver, ainda tem muita água passando debaixo da ponte antes que nomes sejam dados como certos para ocupar as estatais de TI. Primeiro, será preciso saber qual o poder que o PT terá para interferir na nomeação de dirigentes dessas estatais. Por enquanto, não se sabe direito nem qual partido político irá mandar na Economia e, por consequência, nessas empresas.
Efeito Mazoni 2
Creditam à ele o período de maior prejuízo no Serpro como estatal. Considero uma injustiça. Marcos Mazoni teve todas as receitas cortadas pelo Ministério da Fazenda sob alegação de “contingenciamento”, numa campanha suja para tirá-lo do cargo. Os órgãos simplesmente não pagavam ao Serpro pelos Serviços, o que tornou a administração dele inviável financeiramente. Logo depois que deixou a presidência do Serpro, começou a chover recursos novamente para a estatal. Até chegar ao ponto de sua sucessora, Glória Guimarães, acabar figurando como gestora competente e apresentar lucro. Glória até é competente, não se trata disso. Mas contou com uma ajudinha que Mazoni não teve, no “fogo amigo” criado no apagar das luzes do Governo Dilma.
Lucro do Serpro
Hoje a diretoria da estatal brada aos quatro ventos que é competente por gerar lucros astronômicos. Cortando investimentos, vendendo dados, enxugando a máquina com home office e contando com o irrestrito apoio do Ministério da economia, até o velho rabugento Strappazon seria um gestor competente. Por falar nele, sabem me dizer em que porta de quartel ele anda cantando o hino nacional para pneu?
Nem ministério, nem ministro
Já vi trocentas listas de “ministeriáveis” do Governo Lula. E não vi nenhum nome para a Ciência, Tecnologia e Inovação. Das duas, uma: ou não temos nomes capazes para ocupar a pasta ou não teremos ministério. Já dei recentemente que o atual MCTI tem tudo para virar um “puxadinho” da nova estrutura que será criada para a Indústria, Comércio/Serviços e Exportações. Curiosamente começou a ser discutida no Governo Bolsonaro e, ao que parece, continua sendo debatida com profundidade nas entranhas do futuro Governo Lula. A CNI, maior interessada nessa bagunça, opera milagres neste país.
Contando no relógio
Para ver Humberto Barbato, o grande timoneiro da indústria elétrica e eletrônica através da insuspeita Abinee, sentando-se para tomar cafezinho com algum ministro do futuro Governo Lula. Que ele acha que venceu na “roubalheira”, conforme a sua incontinência verbal ocorrida em grupo de empresários no “ZapZap”.