“Sociedade está adoecendo com a hiperconectividade”, alerta governadora do DF

A governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão, defendeu hoje (30) maior atenção do Estado para a questão da saúde mental, provocada por questões de hiperconectividade da população. Segundo ela, quase 30% dos atendimentos nas unidades de pronto atendimento (UPAs) no Distrito Federal em 2024 foram voltados a problemas psicológicos. “A nossa sociedade está adoecendo. A hiperconectividade, a falta de convivência, de empatia e de respeito são marcas do nosso tempo. Precisamos encontrar um equilíbrio entre a tecnologia e a humanidade”, afirmou.

Para a gestora, a mesma tecnologia que traz eficiência e transparência aos serviços também gera um excesso de informações que impacta diretamente o bem-estar da população. “Esse talvez seja um dos maiores desafios que teremos de enfrentar nesta era digital”, concluiu.

Celina também efendeu que o poder público precisa acelerar a modernização de seus serviços para não aprofundar desigualdades entre cidadãos que têm acesso à inovação tecnológica e aqueles que dependem exclusivamente do setor público. Em sua fala, Celina destacou que a tecnologia chegou de forma abrupta, sobretudo durante a pandemia, “sem perguntar se nós iríamos dar conta de fazer o nosso download”.

Ela lembrou que hospitais privados já contam com robôs em cirurgias, enquanto a maioria dos hospitais do SUS ainda realiza procedimentos tradicionais. O mesmo ocorre na educação: “Nas escolas privadas, já temos tecnologia de ponta, com computadores e internet. Nas públicas, continuamos enfrentando dificuldades de conectividade e inovação”.

Gestão pública sob pressão da 4ª Revolução Industrial

Para a governadora, esse descompasso revela o desafio do Executivo diante da chamada quarta revolução industrial, marcada pela inteligência artificial. “É um desafio gigantesco, mas também uma oportunidade de aprimorar o que oferecemos de forma generalizada para a população”, afirmou.

Celina citou iniciativas em andamento no Distrito Federal, como a renovação do parque tecnológico da educação — “pela primeira vez em anos os professores estão recebendo computadores novos” — e programas de incentivo a startups nas áreas de saúde, educação e segurança. Segundo ela, a meta é criar condições para que jovens talentos permaneçam no país, sem serem captados por empresas internacionais que disputam mão de obra qualificada.

“Queremos transformar Brasília em um Vale do Silício brasileiro. Como não temos grande área agrícola, nosso caminho é investir em inovação, pesquisa e tecnologia para tornar a capital referência nacional”, declarou.