Volta e meia me cobram no Twitter informações sobre a quantas andam a intervenção feita no Serpros pela Previc, órgão aparelhado pelo ex-ministro da Previdência Carlos Eduardo Gabas e que serviu de pano de fundo para uma tentativa de mudança na direção do Serpro.
Curiosamente fazem uma alusão com o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, o Petros, por conta das bandalheiras encontradas lá na operação Lava Jato. Interessante é que poderiam até citar o Postalis e outros mais, também enrolados com a Polícia Federal e o Ministério Público.
Do Serpros, a única informação que saiu até agora, após a intervenção foi a renovação do prazo para investigações lá dentro. Extraoficialmente, o que andei sabendo foi que os caras reviraram o Serpros do avesso e aparentemente nada que justificasse a intervenção num fundo de pensão superavitário foi encontrado.
Estou afirmando que “extraoficialmente” nada foi encontrado. Falta saber da Previc o que seria o “oficial” dos resultados desta intervenção.
Com certeza absoluta, se tivessem encontrado algo relevante já teriam divulgado. Digo isso porque até agora essa intervenção no Serpros só teve um efeito prático: eliminar integrantes do PT de sua direção, acusando-os por um suposto crime que até agora não anunciaram oficialmente que cometeram.
Aliás, essa alusão sobre o Serpros e a Petros é um tanto interessante. De um lado temos um fundo de pensão superavitário que sofreu intervenção, sem que nenhum dirigente tenha sido preso ou chamado na Polícia Federal para explicar algum desvio de dinheiro para campanha política através de propina ou seja lá o que for.
Do outro lado temos outro fundo de pensão enrolado até a raiz do cabelo, com dirigentes envolvidos no maior escândalo de corrupção registrado em uma empresa estatal. E só é o maior porque foi a única vez que a Polícia Federal se preocupou em investigar o que é feito com essas empresas. Curiosamente, investigado por uma polícia que é controlada pelo governo de um partido que está cortando na própria carne.
Quando fazem alusão entre a intervenção no Serpros e a investigação da Lava Jato no Petros, entre outros fundos de pensão, fico imaginando a quem interessa colocar na mesma vala esses dois fundos.
Podem ter certeza: são os mesmos de sempre, os mesmos que não estão no poder no Serpros, querem voltar, mas nunca explicaram publicamente, como seus ex-diretores tinham contas na Suíça, em outro escândalo investigado lá fora contra o banco HSBC, que aqui dentro já foi abafado. E foi porque não tem “petista”. Tem de outros partidos, mas isso não vem ao caso, não é assim?
Os dirigentes do Serpros que sofreram intervenção não são santos. Terão de explicar, por exemplo, a má aplicação do dinheiro do fundo no banco BVA, que gerou perdas para os participantes. Mesmo assim, existe uma regra clara no mercado financeiro: quem investe neste mercado corre risco e quem deseja correr esse risco visa a sorte de ter lucro, tem de aceitar a regra do jogo, pois nem sempre isso é possível. Nem sempre se ganha com a ciranda financeira.
Mesmo assim, erraram e terão de acertar essa questão.
Só não me peçam para “transitar em julgado” por corrupção, desvio de dinheiro ou algo similar, alguém que ainda não foi sequer acusado formalmente por um organismo fiscalizador do Ministério da Previdência.
*Curiosamente o mesmo ministério no qual o ex-ministro que mandou investigar, agora está sendo investigado por suposto envolvimento do seu nome em desvios de dinheiro em fundos de pensão.