Entre os dias 5 de março e 18 de abril deste ano, o Serpro consumiu de suas receitas R$ 1.125.510,92 com o pagamento de “patrocínios” de eventos. Poucas empresas de tecnologia ou praticamente nenhuma, gastaram num período de apenas dois meses a mesma quantia dispendida pela estatal. Somados com os gastos (a empresa classifica como “investimento”) realizados no ano de 2023, a gestão do atual presidente do Serpro, Alexandre Amorim, pagou um total de R$ 3.529.256,92 em patrocínios de eventos.
Os dados estão na área de “transparência” da estatal, com as respectivas liberações de recursos e os eventos aos quais eles foram aplicados.
Em apenas 18 meses à frente do Serpro, Alexandre Amorim gastou R$ 1.207.015,12 à mais que o seu antecessor, o ex-presidente, Gileno Gurjão Barreto (foto); que hoje preside a Prodesp – empresa pública de tecnologia do Estado de São Paulo.
Gileno enquanto comandou o Serpro, entre os anos de 2020 a 2022, gastou um total de R$ 2.322.241,80 em patrocínios de eventos. Pode-se alegar que o ex-presidente patrocinou menos, porque em seu período o país atravessou um confinamento devido à pandemia da Covid-19. Praticamente todos os eventos na época eram no formato “online”.
Mesmo assim, os gastos com patrocínios dispararam depois em mais de R$ 1 milhão na gestão Amorim. Considerando que este ano só estão registrados os patrocínios pagos entre março e abril, a tendência é de que essa distância entre os dois presidentes aumente ainda mais.
Em ambos os casos não há registros na página da transparência da estatal sobre qual a vantajosidade nas aplicações desses recursos em marketing. Não há nenhuma informação que possa deduzir que o “custo” saiu muito menor que o “benefício”, traduzido depois em novos contratos para a estatal. O Serpro poderia explicar melhor essa relação.
“Escolha direta”
“O Serpro adota a modalidade de escolha direta para seleção de projetos de patrocínio, sempre pautado na transparência, economicidade, legalidade, impessoalidade e publicidade das suas ações. A escolha é feita com base nos critérios de interesse institucional e/ou mercadológico e os projetos selecionados devem, obrigatoriamente, estar alinhados à missão, políticas, objetivos estratégicos e estratégias comerciais da empresa”, informa a empresa em sua página de transparência.
Com toda a certeza houve a “escolha direta”, por exemplo, do evento “Smart City Expo Curitiba”, onde o prefeito, Rafael Grecca, é amigo do presidente do Serpro, Alexandre Amorim. E não foi apenas uma escolha pessoal de Amorim.
Graças ao presidente do Serpro, o evento, realizado entre os dias 20 e 22 de março, também ganhou o privilégio de contar com um patrocínio de R$ 140 mil do Serpro, que foi cerca de R$ 97 mil à mais que o patrocínio pago pela estatal em 2023, quando o “Smart City Expo Curitiba” levou apenas a quantia de R$ 42,5 mil.
Grecca se fez passar por um dos apoiadores do Centrão no processo de nomeação de Alexandre Amorim para a presidência da estatal, mas na realidade ele apenas participou de uma manobra política do PT de São Paulo, emprestando o seu nome para “padrinho da indicação”. No Governo Lula os paulistas dão as cartas e são comandados pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Esse evento também marcou a concretização de um sonho do presidente da estatal. Alexandre Amorim, que há anos tentava por para dentro do Serpro uma parceria com a antiga entidade que presidiu em Curitiba: o Instituto das Cidades Inteligentes (ICI). Um ninho de empresários bolsonaristas que agora está se beneficiando de uma estatal do governo do “petê”.
*A coalizão política de Lula opera milagres.