
Após 32 meses e 20 dias no cargo de presidente do Serpro, Alexandre Gonçalves Amorim foi exonerado. Sua saída só depende agora da publicação do Ato oficial e a consequente aprovação e nomeação do diretor de Operações, Wilton Mota, pelo Conselho de Administração da estatal. A queda de Amorim abre espaço para uma recomposição política no governo, que passa por setores do PT e do União Brasil, mas no grupo político que segue a orientação do senador Davi Alcolumbre (AP), presidente do Congresso, e do apoio da senadora, professora Dorinha (União-TO).
Amorim entrou para o Serpro com o apadrinhamento do ex-prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PSD) e dentro do governo ganhou o apoio político do então ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Também contou com a ajuda do ex-prefeito de Osasco, ex-deputado estadual em São Paulo, Emídio de Souza, amigo de Lula há mais de 40 anos e atuou na última eleição na coordenação da campanha presidencial e na transição com o Governo Bolsonaro.
A passagem de Alexandre Amorim pelo comando da estatal não deverá deixar saudades para boa parte do corpo funcional, que ficou revoltado quando ele propôs mudanças na estrutura da empresa, que envolveriam até a demissão de quase dois mil trabalhadores com “idade avançada” (mais de 60 anos). Mesmo num governo em que o presidente da República tem 80 anos de idade e caminharia para ter 81 num eventual segundo turno das eleições presidenciais do ano que vem.
A irritação tornou-se pública, após Amorim comentar numa reunião com os funcionários que a reestruturação que resultaria na demissão em massa era para valer. “Quem não gostar disso, fique à vontade, passe no Departamento de Pessoas e vai embora. É simples assim, bem democrático”, disse. A revolta foi geral dentro do Serpro.
Os primeiros sinais indicam que o sucessor, Wilton Motta, funcionário de carreira do Serpro, pouco deverá mexer na estrutura da estatal. Permanecerá convivendo com pessoas que até então o tratavam como “inimigo” na diretoria do Serpro, desde que assumiu o cargo na área de Operações.
No campo empresarial, Alexandre Amorim também vinha promovendo uma “privatização branca”, ao fechar parcerias com empresas que estão entrando para prestar serviços ao governo sem participar de licitação. Nesses acordos de parceria, o Serpro apenas “empresta” para as empresas o privilégio de gozar da dispensa para ser contratada na Administração Pública, permitindo que elas passem a contar com contratos federais sem concorrência.
Soberania
Há ainda uma séria discussão sobre soberania dos dados, que envolve as empresas estatais como todo (Dataprev também é questionada). Durante a sua passagem pelo Serpro, Alexandre Amorim fez campanha de marketing sobre ter o controle da única “nuvem soberana no governo”. Ao anunciar a criação de uma multinuvem soberana, o Serpro alega que tem o controle sobre os dados dos brasileiros, mesmo que essas informações estejam em servidores de nuvem de diversas big techs(AWS, Google, Huawei, Microsoft, IBM, Oracle).
Dentro do Serpro a piada que corre é com relação ao contrato de nuvem com a Google. Segundo os funcionários esta seria a única nuvem segura e soberana da estatal. Porque, como foi contratada há mais de um ano por cerca de R$ 350 milhões, e ainda não funciona, não há risco dela ser invadida ou haver vazamentos de dados.







