Não há perigo de me verem criticando Bolsonaro ou qualquer outro ex-governante, por causa de perda de dinheiro estrangeiro destinado à Amazônia ou ao meio ambiente em geral.
Não caio nesse discurso, feito por países industrializados que tenham laboratórios farmacêuticos. Cobri a CPI da Biopirataria no Congresso, o suficiente para saber que esses países querem a Amazônia preservada para pesquisas, não necessariamente porque seria o “pulmão do mundo”.
O que eles “doam” para o Brasil em nome de uma suposta “preservação ambiental”, não é nem 1% do que eles faturam com Biopirataria. Todos os governos erram ao não olhar comercialmente para a Amazônia e a briga não é só contra madeireiros. Há muito mais em jogo e o Brasil desconhece sua potencialidade.
Um pequeno exemplo sobre o comportamento dessa turma indignada com o desmatamento:
Açaí – Ou juçaraː é o fruto da palmeira Euterpe oleracea, da região amazônica, que teve seu nome registrado no Japão, em 2003. Por causa de pressão de organizações não governamentais da Amazônia, o governo japonês cancelou esta patente.
Andiroba – A árvore (Carapa guianensis) é de grande porte, comum nas várzeas da Amazônia. O óleo e extrato de seus frutos foram registrados pela empresa francesa Yves Roches, no Japão, França, União Europeia e Estados Unidos, em 1999. E pela empresa japonesa Masaru Morita, em 1999.
Copaíba – A copaíba (Copaifera sp.) é uma árvore da região amazônica. Teve sua patente registrada pela empresa francesa Technico-flor, em 1993, e em 1994 na Organização Mundial de Propriedade Intelectual. A empresa norte-americana Aveda tem uma patente de Copaíba, registrada em 1999.
Cupuaçu – Fruto da árvore (Theobroma Grandiflorum), que pertence à mesma família do cacaueiro. Existem várias patentes sobre a extração do óleo da semente do cupuaçu e a produção do chocolate da fruta. Quase todas as patentes registradas pela empresa Asahi Foods, do Japão, entre 2001 e 2002. A empresa inglesa de cosméticos Body Shop também tem uma patente do cupuaçu, registrada em 1998.
Espinheira-Santa – A espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) é nativa de muitas partes da América do Sul e sudeste do Brasil. A empresa japonesa Nippon Mektron detém uma patente de um remédio que se utiliza do extrato da espinheira santa, desde 1996.
Jaborandi – Planta (Pilocarpos pennatifolius) só encontrada no Brasil, o jaborandi tem sua patente registrada pela indústria farmacêutica alemã Merk, em 1991.