PSafe: do megavazamento de milhões de CPFs para o cuidado precoce do Covid-19

Na relação de pagamentos feitos este ano pela Secom do Ministério das Comunicações para empresas divulgarem a campanha “Covid-19 Cuidado Precoce” (obtida por este site através da Lei de Acesso à Informação), que mereceria uma análise da CPI do Congresso, até a empresa de Segurança da Informação Psafe foi beneficiária com recursos públicos no valor de R$ 44.797,92 (bruto).

A PSafe ganhou notoriedade nacional ao anunciar o megavazamento de milhões de CPFs. Também foi a responsável pela divulgação da notícia de que 100 milhões de contas celulares teriam sido vazadas e vendidas na Internet, inclusive as do presidente Jair Bolsonaro.

As denúncias obrigaram o governo a investigar a origem do comércio ilegal de dados de cidadãos brasileiros na Internet. Assunto que acabou não tendo conclusão oficial até hoje, mesmo com o envolvimento direto no assunto da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) e da Polícia Federal.

O pagamento feito pela Secom através da Agência de Publicidade Calia, para a empresa PSafe Midia SA, ocorreu no dia 7 de abril deste ano (Nota fiscal nº 348320 – Nº do Empenho 2020NE800117 e ordem bancária nº 2021OB800104).

Apesar do nome da empresa não bater como ela se apresentou para a imprensa no episódio dos vazamentos, foi confirmado por este site pelo CNPJ que trata-se da mesma. Além disso, a PSafe se apresenta no LinkedIn como empresa de Segurança da Informação, mas não esconde sua atividade no ramo publicitário.

Pela Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAES), a PSafe Midia SA seria uma empresa de publicidade e propaganda, mas também exerceria as seguintes “atividades secundárias”:

62.03-1-00 – Desenvolvimento e licenciamento de programas de computador não-customizáveis,
63.19-4-00 – Portais, provedores de conteúdo e outros serviços de informação na internet,
62.02-3-00 – Desenvolvimento e licenciamento de programas de computador customizáveis⇩
62.01-5-01 – Desenvolvimento de programas de computador sob encomenda
64.62-0-00 – Holdings de instituições não-financeiras.

Não há nenhuma ilegalidade aparente no recebimento de verba publicitária pública. Mas ficaria complicado para uma empresa que ganhou espaço na imprensa nacional como “líder em Segurança da Informação” e candidata a “unicórnio”, por ser autora das denúncias de megavazamentos de dados de cidadãos brasileiros, explicar agora que no paralelo também faz propaganda sobre “cuidados precoces” no tratamento da Covid-19.

*Se a CPI se interessar no assunto, obviamente.