Se o Comitê Executivo da Estratégia Nacional de Educação Conectada pretende aprofundar a discussão sobre o que fazer para tirar as escolas públicas brasileiras da exclusão digital, primeiro precisa buscar informações confiáveis sobre a situação da conectividade no Brasil. De acordo com o “Project Connect” da Unicef, feito em parceria com a UIT (União Internacional de Telecomunicações) e algumas instituições mundiais, entre elas, o Nic.br; a Região Norte do Brasil praticamente não tem Internet escolar (pontos em vermelho no mapa).
Pelos dados do projeto, estima-se que mais de 30,3 mil escolas públicas no Norte não registram conectividade alguma, o que deveria levar o Governo Lula a empreender esforços e recursos, primeiro, para acabar com a exclusão dessa região, para que ela passe a acompanhar o ritmo das demais unidades de ensino do país.
De maneira geral, as discussões internas nos grupos e fóruns que debatem educação conectada já tem essa visão sobre as necessidades da Região Norte. Porém falam em números bem modestos sobre escolas que não tem nenhuma conectividade. No Gape – Grupo de Acompanhamento do Custeio a Projetos de Conectividade de Escolas – o número de estabelecimentos sem conexão está em torno de 5.432 na Região Norte. Se computadas as unidades no país esse volume cresce para 8.365 escolas. Um dado bem aquém da informação da Unicef, que registra em torno de 30,3 mil escolas, ou 21,64% das 138.617 mil unidades de ensino que não possuem nenhum tipo de conexão.
Nas discussões do governo há uma estimativa de que em torno de 40 mil escolas teriam declarado ao MEC terem uma internet com qualidade ruim para as atividades pedagógicas em todo o país. Não é o que avalia a Unicef.
Tirando as 30,3 mil escolas sem nenhuma conexão, a entidade registra com o “Project Connect”, que mais de 69,33% das escolas públicas no Brasil estão dentro dos padrões da “conectividade significativa”, apresentando uma velocidade de 60,4 Mbps na conexão. Com baixa qualidade de acesso a Unicef registra apenas 7,77%. E ainda há um percentual de 1,26% das escolas que não forneceram informações.
Independentemente de quem tenha razão, os números no mapa da Unicef deixam claro três coisas: 1 – o Brasil não é um país atrasado em “conectividade significativa”; 2 – a dívida do país com a Região Norte é imensa, inconcebível diante de tantos “programas inclusivos” que já tivemos e os bilhões que já foram gastos nos últimos 25 anos e; 3 – O Nordeste não precisa de discussão de uso de satélite. Há forte presença de provedores de acesso na região, que podem colocar o serviço na escola por meio de fibra óptica ou sinal de rádio, com a qualidade de velocidade exigidas pelo MEC: em torno de 50/60 Mbps.
Pandemia
O “Project Connect” da Unicef nos permite, inclusive, retroagir no tempo e verificar como o Brasil deu um salto em conectividade de 2020 para cá. Mesmo considerando que o projeto aprimorou suas métricas nesses últimos anos, o que melhorou a visão da conectividade brasileira, esse salto do país nessa área com a pandemia foi enorme. Obrigou a todos os entes públicos a se moverem na direção de melhorar a qualidade da Internet, assim como implantá-la nas escolas onde era necessário.
E tudo isso com um detalhe: durante esse período não foi criada nenhuma “Estratégia Nacional de Educação Conectada”.
Esse blog pesquisou essa mudança no comportamento da rede brasileira levanto em conta os primeiros índices apresentados pela Unicef em setembro de 2020 e os analisou sempre no período de um ano. Vejam como supostamente era a nossa rede daquele período em diante: