Já vi muto falatório e até reportagem sobre o tema. Eu mesmo preferi não escrever, até que tivesse algumas informações da CEF sobre o episódio. Agora que as tenho, confesso que estou com mais dúvida ainda sobre os resultados desse pregão, do ponto de vista das necessidades da Caixa Econômica e a política de implementação do software livre no governo.
Primeira dúvida
1 – A Caixa tinha realmente necessidade de atualizar as licenças de software Microsoft?
Do ponto de vista de “atualização” tinha. Mas não se tratava apenas de uma atualização de Windows para uma nova versão de sistema operacional como foi propagado na rede social e em algumas reportagens.
A CEF oficialmente alegou que: “seu ambiente computacional foi estruturado na década de 90 sobre a plataforma de soluções Microsoft. A última atualização tecnológica dessa plataforma foi no ano 2000. Portanto, há produtos de elevado nível crítico que estão fora de suporte do fabricante, e outros estão na iminência dessa condição, impondo um risco de segurança e continuidade de serviços”.
O pregão da CEF foi para aquisição de diversos aplicativos e atualização de sistemas operacionais na plataforma XP e Windows 2000. Boa parte desses aplicativos são voltados para autenticação de usuários que trabalham na rede da Caixa e operam, por exemplo, serviço de correio eletrônico. Informalmente a CEF alega que devido a demora em atualizar essa plataforma (a última teria ocorrido no ano 2000), havia o risco de se enfrentar algum problema de segurança na rede da Caixa.
O que foi “comprado”, de acordo com o Edital:
– Usuário com serviços de autenticação e integração de diretório, colaboração, correio eletrônico OWA, mensagem instantânea via web, acesso a internet e GGWA-LO.
– Usuário com serviços de autenticação e integração de diretório, colaboração, correio eletrônico OWA, mensagem instantânea via web, com sistema operacional atualizado com compatibilidade, acesso a internet e GGWA-LO.
– Usuário com serviços de autenticação e integração de diretório, colaboração, correio eletrônico OWA, mensagem instantânea via web, Office Professional Plus (no mínimo Word, Excel, PowerPoint, Access, One Note, Outlook, Publishing, Lync Client), acesso a internet e GGWA-LO.
– Usuário com serviços de autenticação e integração de diretório, colaboração, correio eletrônico OWA, mensagem instantânea via web, Office Professional Plus (no mínimo Word, Excel, PowerPoint, Access, One Note, Outlook, Publishing, Lync Client), archive de mensagem, BI no portal colaborativo, Conferencia 1:N, voz sobre IP, acesso ao gateway de serviços de acesso remoto, acesso a internet e GGWA-LO.
– Servidor de e-mail parte server – Exchange Server licenciado por servidor instalado.
– Servidor de webcache/firewall/proxy – TMG – licenciado por lotes de 25 processadores.
– Servidor de Integração de diretórios AD – FIM – Licenciado por servidor instalado.
– Servidor para gateway serviços de acesso remoto (IPV6/IPV4 para Direct Access) – UAG – Licenciado por servidor instalado.
– Servidor destinado a comunicação em tempo real (mensagens instântaneas, troca de arquivos, video-conferência e integração com telefonia). Lync Server Enterprise, licenciado por servidor instalado.
– Pacote econômico para servidores com até 4 processadores que inclui: Sistema Operacional, Gerenciamento e Segurança (Windows Server Enteprise, System Center Standard e Forefront) – Licenciamento por processador, pacote de 2 Processadores.
– Pacote econômico para servidores que inclui: Sistema Operacional, Gerenciamento e Segurança (Windows Server, System Center e Forefront) – Licenciamento por processador, pacote de 2 Processadores.
– Portal para Internet – SharePoint. Licenciado por servidor instalado.
– Portal para Intranet – SharePoint. Licenciado por servidor instalado.
– SQL Server Enterprise – Licenciado por core de processador.
– Visual Studio Ultimate – Licenciado por máquina.
– Project Server – Licenciado por servidor.
– Project Professional – Licenciado por máquina.
– Visio Professional – Licenciado por máquina.
* Como não sou um analista de sistemas, deixo para esses profissionais uma avaliação de forma mais acurada, sobre as reais necessidades do banco oficial alegadas de riscos à segurança bancária e as críticas à compra feitas pelo pessoal do software livre.
A seguir publico uma série de notas sobre essa questão da Microsoft na CEF. Algumas coisas estranhas que pude apurar dentro do banco e com relação ao pregão.