Ainda é possível corrigir a situação de caos que está sendo criando na Previdência, corra enquanto ainda dá tempo. E a adjetivação não é minha, foi dita pelo diretor André Côrte aos funcionários, quando tentou explicar as 496 demissões nos escritórios regionais da empresa.
Em apenas quatro meses essa diretoria da Dataprev bateu todos os recordes de ineficiência, inoperância e falta de bom senso administrativo. Demitiu funcionários de escritórios regionais, mas manteve aluguel de salas onde eles trabalhavam, comprou móveis de escritório para unidades que desativou, mandou todos os funcionários de Sergipe para o olho da rua, mas se esqueceu de não demitir a gerente que ficaria encarregada de desmontar tudo.
Enfim, a capacidade de errar desses diretores segue na mesma proporção dos seus salários. Ganham acima de R$ 30 mil e até agora a única coisa concreta que fizeram foi demitir funcionários que nem sonham em chegar a esse patamar salarial e levar toda a Dataprev a paralisar as suas atividades.
Não vou nem entrar no mérito das compras de softwares inúteis feitas em empresas de telefonia onde a presidenta trabalhou, que teve a façanha de ganhar de revendas de multinacionais numa licitação inexplicável, porque é perda de tempo.
Se os órgãos de controle se calam diante dessa rapinagem, não serei eu quem vai ficar aqui batendo bumbo sobre o que pode ter cara e cheiro de improbidade administrativa.
O resultado dessa soma de incompetências, que são notórias (só não enxerga quem não quer), foi a adesão maciça de funcionários na greve em todas as regionais da estatal, inclusive no datacenter do Cosme Velho (RJ), uma das áreas mais sensíveis da empresa.
A greve entra hoje no seu segundo dia sem que exista algum elemento que possa mostrar que a adesão não continuará tão grande como foi ontem. Ao contrário, nesta quarta-feira o último escritório regional que faltava, Goiânia (GO), também decidiu “paralisar” as atividades.
Sabe o que isso significa?
Significa que, nem nos governos do PT essa empresa parou dessa forma quando realizou greves, com tamanho nível de adesão de trabalhadores. Essa diretoria recheada de grandes currículos oriundos da iniciativa privada conseguiu fazer mais do que a Fenadados, a FNI e todos os sindicatos de trabalhadores da área de TI reunidos conseguiram nos Governos Lula e Dilma, quando tentaram fazer greves.
E a cada dia que passar o fosso que alarga esse caos previdenciário tenderá a crescer, se assim continuar e o acesso aos sistemas ficar prejudicado.
O problema é que essa diretoria foi longe demais, apostou todas as suas fichas que os funcionários não iriam aderir à greve, porque têm medo de serem vendidos numa privatização.
Ignorantes, não puderam compreender que estavam colocando um pequeno rato contra a parede, tirando-lhe qualquer chance de fuga.
Não tendo para onde fugir, restou ao pequeno rato partir para cima do seu algoz. A greve de agora é o rato mordendo a canela de diretores ineptos que, se não forem demitidos, levarão a Previdência Social para o abismo.
*Paulo Guedes, tudo é uma questão de escolhas. Você já tem problemas demais na Economia, para se preocupar com uma diretoria que gasta R$ 3,9 mil em uma rodada de lanchinhos e demite funcionários que acha que são “caros e inúteis”.