A “Cúpula do Futuro” defendeu o papel da União Internacional de Telecomunicaçõers (UIT) e seus esforços para elevar o padrão de acesso à Internet dos países mais pobres através da conectividade significativa e do desbloqueio “de todo o potencial das tecnologias digitais e emergentes”. Os países integrantes da ONU signatários do documento entendem que será preciso a formulação de mais parcerias com as empresas de telecomunicações nessa direção.
“Comprometemo-nos a conectar todas as pessoas à Internet. Reconhecemos que isso exigirá parcerias fortes e maiores investimentos financeiros em países em desenvolvimento por parte de governos e outras partes interessadas, em particular o setor privado. Afirmamos o importante papel da União Internacional de Telecomunicações no avanço da conectividade universal e significativa e a convidamos a continuar seus esforços. Reconhecemos que soluções inovadoras podem ajudar a fornecer conectividade de alta velocidade para, entre outras coisas, áreas carentes, remotas e rurais”, destaca o documento.
Uma das maiores preocupações dos países é que a falta de investimentos e de linhas de crédito para a execução de políticas públicas voltadas para a conexão de áreas remotas, se persistir no atual modelo, como está, isso causará um aumento do fosso que vem separando os países ricos dos pobres no desenvolvimento tecnológico.
Até 2030 os países se comprometem a cumprir uma série de formalidades para garantir mudanças nesse ambiente, como forma de gerar desenvolvimento global através do uso das conexões de Internet:
(a) Desenvolver e fortalecer metas, indicadores e métricas para conectividade universal significativa e acessível, com base no trabalho existente, e integrá-los em estratégias de desenvolvimento internacional, regional e nacional;
(b) Desenvolver mecanismos e incentivos de financiamento inovadores e combinados, incluindo em colaboração com governos, bancos multilaterais de desenvolvimento, organizações internacionais relevantes e o setor privado, para conectar os 2,6 bilhões de pessoas restantes à Internet e melhorar a qualidade e a acessibilidade da conectividade. Visaremos custos de assinatura de banda larga de nível básico que sejam acessíveis à maior parte da população;
(c) Investir e implantar infraestrutura digital resiliente, incluindo satélites e iniciativas de rede local, que forneçam cobertura de rede segura e protegida para todas as áreas, incluindo áreas rurais, remotas e de “difícil acesso”, e promover acesso equitativo às órbitas de satélite, levando em consideração as necessidades dos países em desenvolvimento. Visaremos acesso universal a taxas acessíveis e em velocidades suficientes, bem como confiabilidade para permitir o uso significativo da Internet;
(d) Mapear e conectar todas as escolas e hospitais à Internet, com base na iniciativa Giga da União Internacional de Telecomunicações e do Fundo das Nações Unidas para a Infância, e aprimorar os serviços e capacidades de telemedicina;
(e) Promover a sustentabilidade em todo o ciclo de vida das tecnologias digitais, incluindo medidas específicas do contexto para aumentar a eficiência dos recursos e para conservar e usar de forma sustentável os recursos naturais e que visem garantir que a infraestrutura e os equipamentos digitais sejam projetados de forma sustentável para enfrentar os desafios ambientais no contexto do desenvolvimento sustentável e os esforços para erradicar a pobreza;
(f) Incluir as necessidades das pessoas em situações vulneráveis e aquelas em áreas rurais e remotas carentes no desenvolvimento e implementação de estratégias nacionais e locais de conectividade digital;
(g) Integrar uma perspectiva de gênero em estratégias de conectividade digital para abordar barreiras estruturais e sistemáticas à conectividade digital significativa, segura e acessível para todas as mulheres e meninas.
Capacitação digital
A Cúpula do Futuro defende maior cooperação internacional e financiamento para o desenvolvimento da capacidade digital em países em desenvolvimento, apoiando o conteúdo local e retenção de talentos. “Reconhecemos a importância das habilidades digitais e do acesso vitalício às oportunidades de aprendizagem digital, levando em consideração as necessidades sociais, culturais e linguísticas específicas de cada sociedade e pessoas de todas as idades e origens”, afirma o documento.
A meta dos países até 2030 será:
(a) Estabelecer e apoiar estratégias nacionais de habilidades digitais, adaptar os currículos de treinamento e educação de professores e fornecer programas de treinamento de adultos para a era digital. Nosso objetivo é a cobertura máxima de habilidades digitais básicas para o maior número possível, ao mesmo tempo em que avançamos com habilidades digitais intermediárias ou avançadas;
(b) Aumentar a disponibilidade, acessibilidade e preço de plataformas de tecnologia digital, serviços, software e currículos educacionais em diversos idiomas e formatos, bem como interfaces de usuário acessíveis para pessoas com deficiências;
(c) Direcionar e adaptar a capacitação para mulheres e meninas, crianças e jovens, bem como idosos, pessoas com deficiência, migrantes, refugiados e pessoas deslocadas internamente, povos indígenas e aqueles em situações vulneráveis, e garantir seu envolvimento significativo no design e implementação de programas;
(d) Desenvolver e realizar pesquisas nacionais de inclusão digital com dados desagregados por renda, sexo, idade, raça, etnia, status de migração, deficiência e localização geográfica e outras características.