O silêncio do PSB contra o desmonte de uma estatal que Eduardo Campos fez nascer

Em todo o processo de desmonte da única fábrica de semicondutores da América do Sul, a Ceitec SA, que o Governo Bolsonaro vem executando, o que me chama a atenção é o silêncio do Partido Socialista Brasileiro (PSB) diante do episódio.

A Ceitec foi criada no Governo Lula pelo então ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos (PSB – na foto ao lado esquerdo, de braço cruzado), com apoio do emedebista e então governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto.

Foi uma das maiores contribuições dadas pelo falecido ex-ministro à Ciência e Tecnologia do Brasil, porque ele acreditava ser possível o país se livrar das amarras da dependência tecnológica na área de microeletrônica.

Campos entendia que Ceitec seria fundamental na construção do setor de microeletrônica no Brasil, com impactos positivos para a balança comercial brasileira. Ele via na estatal a possibilidade de poder alavancar toda a cadeia produtiva nacional de semicondutores, pois o governo poderia criar demanda para diversos produtos necessários à execução de diversas políticas públicas.

Então por que o seu partido, o PSB, se cala agora diante da extinção da Ceitec?

Não vi até hoje nenhuma manifestação clara deste partido em defesa da empresa. No geral, a participação política da oposição sobre o processo de privatizações do Governo Bolsonaro tem sido pífia.

Salvo alguns discursos isolados de parlamentares no plenário do Congresso Nacional ou as tentativas do PDT de barrar alguns processos de privatizações em curso, no Supremo Tribunal Federal, a discussão sobre venda de empresas estatais – afora a Eletrobras – praticamente não existe.

Quis o destino que a extinção da Ceitec agora tenha caído no Tribunal de Contas da União para análise e quem preside a Corte de Contas é a ministra Ana Arraes, mãe de Eduardo Campos.

Mas isso até agora se reverteu em vantagem para quem defende a manutenção da empresa? Não.

Ana Arraes tem sido uma incógnita, nunca foi à público questionar esse processo de extinção. Mesmo sabendo que a empresa é um legado que o seu filho deixou para o Brasil em favor do desenvolvimento tecnológico.

Inação

Ex-deputada pelo PSB, também não há notícias de que Ana Arraes tenha tentado interceder junto ao partido, para que ele assuma a bandeira contra a extinção da Ceitec.

O PSB deve explicações públicas sobre a sua falta de disposição para lutar contra o fim da estatal do chip. Não tem sequer procurado colaborar com os funcionários, que pedem para que os ajude a levar para a CPI da Covid-19 o ministro Marcos Pontes (MCTI).

Esse ministro simplesmente deixou de investir numa plataforma de testes de detecção de doenças, entre elas a Covid-19. O projeto desenvolvido pela empresa foi substituído por pesquisas em vermífugo.

*Ainda há tempo para o PSB se mexer e brigar pelo legado deixado pelo ex-deputado e presidente do partido. Veremos.