Marcos Pontes não tem limites e arrasta a Ciência brasileira para o descrédito

Ontem o presidente da República Jair Bolsonaro foi envolvido numa farsa, com direito a vídeo e imagens que induzem o povão que assistir e acreditar que o Brasil descobriu um remédio que “cura” o paciente na fase inicial da Covid-19. Um evento que tem como principal “estrela” o ministro da Ciência e Tecnologia, o astronauta Marcos Pontes.

Ele até aparece num vídeo sendo abraçado por Bolsonaro, como se o presidente estivesse agradecido pela “boa notícia”. O vídeo foi produzido por quem? Pelo ministro do Twitter, Fabio Faria ou pelo ministro da Verdade, Fabio Wajngarten?

As imagens no vídeo são velhas, de outro evento. Tanto, que nele aparece o ministro da Economia, Paulo Guedes. Neste evento nem Guedes esteve presente como convidado ilustre, nem tampouco o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Provavelmente porque Pazuello não quis se envolver com uma informação que ainda carece de comprovação científica.

O evento original: tirem as conclusões que quiserem pelas caras dos participantes.

Mas o ministro Marcos Pontes não parou por aí. Fez questão de assumir o papel da autoridade que deu ao Brasil a “cura” (essa palavra foi retirada do vocabulário ontem de todos os participantes do evento), através do uso do vermífugo Nitazoxanida (conhecido popularmente por ‘Annita’) na fase precoce da covid-19. E se valeu até de um gráfico para mostrar a redução da carga viral, tirado do banco de imagens “ShutterStock”.

Desde março deste ano tem sido propagada a informação pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, sem que ele apresente provas dessa suposta eficácia, de que o vermífugo é eficaz contra a Covid-19. Não se tem notícias nem de quanto o ministério gastou para realizar esses estudos. Tudo é tratado como “segredo de estado” por Pontes.

O ministro alega que não pode revelar os estudos, porque tem de mantê-lo inédito até que saia a publicação em uma revista científica internacional. Qual? Marcos Pontes também não revela.

Que Pontes esteja sustentando uma informação sem comprovação científica e o reconhecimento internacional, vá lá. Ele sabe que um dia essa estratégia política que vem usando para se sustentar no cargo desde março um dia vai falhar. Mas até lá ele teve tempo de desfrutar das benesses de estar num governo. O que não é compreensível é a Ciência brasileira se calar diante de um fato, uma informação que mais cheira a fake news.

Onde está a Academia, por onde andam os cientistas, pesquisadores renomados que dominam o assunto e poderiam contribuir para confirmar ou negar o assunto? Cadê as entidades científicas que não se pronunciam, nem para pedir mais cautela ao governo ao tratar de tema tão relevante?

Estão calados por que? Vassalagem a um ministro que os rega com verbas públicas? Qual o compromisso que vocês têm com a Sociedade, nesse caso? Ou o compromisso de vocês é com Marcos Pontes?

Alguém precisa por um ponto final nessa situação. Ou confirmar que o remédio é eficaz e “cura”, ou não gera efeito melhor do que o suposto, pelo uso da Cloroquina. Por enquanto, com vídeos falsos, gráficos falsos, estudos que ninguém viu e dinheiro público que não se sabe quanto foi gasto, tudo leva a crer que chegou a hora de alguém parar Marcos Pontes, antes que a Ciência brasileira caia no descrédito internacional.