Mais um cartório, que só serve para fins de alimentar egos pessoais, empresariais e bajulação a governos. Como tantas outras “entidades representativas” de setores econômicos, salvo raras exceções. Já tinha comentado sobre a enxurrada de “especialistas em LGPD” nesses últimos meses. Todos ávidos por aparecer na imprensa, através da oferta de artigos anunciados por assessorias de Imprensa. Menos gente, menos…
Por Fernando Marinho, no LinkedIn* –
“Sou profissional de Segurança de Informação há cerca de vinte anos. Estudo a GDPR desde 2016. Tenho implementado processos de conformidade em empresas e ministrado cursos, aulas e workshops sobre Segurança de Informação, Proteção de Dados e Privacidade, há mais ou menos 8 anos, em Instituições como a UFRJ, a UNIRIO, A UNISINOS e a Escola de Guerra da Marinha. Tenho 3 livros publicados e participo de 3 Grupos de Trabalho na ABNT. Me considero profissional de Segurança de Informação, Proteção de Dados e Privacidade.
Mas não tenho pretensão de ser “DPO”.
Me preocupa sobremaneira, um posicionamento de entidade representativa autoproclamada, sem efetivamente ter sido objeto de referendo que apoiasse esta “representatividade”.
Da mesma forma que inúmeras pessoas tem se denominado “DPO”, sem nunca ter efetivamente exercido a função ou nomeado para isso, porque fizeram um curso ou prova, que não existia ano passado.
Na Europa, não existe nada parecido, nem no México, onde a Lei da Privacidade é mais antiga que a GDPR.
Me preocupa essa pseudo autoridade em nome de uma classe inexistente (pois um DPO ou Encarregado de Dados, não é uma profissão de fato, mas uma FUNÇÃO conforme descrito pela Lei), se aproximando de POLÍTICOS. E como sabemos, POLÍTICOS não são TÉCNICOS, muito dificilmente compartilhando interesses e objetivos comuns.
Já escrevi um artigo sobre esta “associação” cujos objetivos me parecem que atrapalham, mais que ajudam.
Associações estão vivendo momentos críticos, exatamente pela perda de receita e credibilidade de seus associados. Lutam ferozmente para se manterem, em um cenário desgastado pela descrença e pelas frustrações, como as cometidas por um determinado Conselho profissional, que pesquisa o registro de empresas na Junta Comercial, para encaminhar cobranças de anuidades, embasadas nos códigos de CNAE, para se sustentar.
Vejo claramente profissionais que tem investido no ensino e na digamos, “certificação informal”, para tentar aumentar sua empregabilidade nesse país de desempregados. Informal, sim, porque não reconheço nenhuma legitimidade ou AUTORIDADE para uma Associação ou Empresa particular, outorgar uma certificação profissional para uma FUNÇÃO.
Entidades sérias, de reconhecida autoridade, quando certificam profissionais, solicitam provas de experiência no assunto e evidências de atuação no campo. Eventualmente, cartas que testemunhem a capacidade profissional ou o tempo de serviço do candidato.
No Brasil, basta fazer um curso ou passar numa prova, que a pessoa automaticamente inclui o título no seu cabeçalho do Linkedin.
E seria cômico, se não fosse trágico, o fato de um DPO ser uma FUNÇÃO nomeada/indicada (como a GDPR e a LGPD descrevem). Ou seja, não se tratando de um cargo ou profissão, como uma pessoa pode se tornar DPO, sem nunca ter exercido a FUNÇÃO ? Nenhuma das Leis exige cursos ou certificações.
Para mim, trata-se de um aproveitamento abusivo da boa fé e da esperança de pessoas que estão tentando melhorar de vida ou mesmo serem contratadas, para uma vaga que não vai se sustentar.
Esse é meu segundo artigo sobre essa entidade, cuja ações me preocupam muito. Especialmente em se tratando de um período tão prõximo de festas de fim de ano, onde sabemos que empresas e políticos já estão em outro ritmo.
Espero estar exagerando. Espero, também que estas ações não prejudiquem ninguém. Mas pessoalmente, estou muito preocupado com o tipo de interferência que uma entidade que se intitula associação, possa criar em um momento de transição da própria LGPD, se dizendo representar os profissionais de privacidade de dados.
NÃO. ESTA “ANPPD” (cuja sigla até se assemelha à da ANPD) NÂO ME REPRESENTA.
*Fernando Marinho é consultor de empresas especialista em Continuidade de Negócios, Privacidade & SI, Gestão de Riscos e de Crises. Professor de Pós Graduação na UFRJ, UniRIO, Escola de Guerra da Marinha, entre outros. Participa de três Grupos de Trabalho na ABNT (Riscos, Continuidade de Negócios e Segurança). Publicou três livros. Se quiser conhecer mais sobre o profissional visite a empresa em www.epokaconsutoria.com.br.”