Está a maior confusão nos bastidores políticos de Brasília, o resultado do desastrado movimento político que culminou com a demissão de Marcos Mazoni da presidência do Serpro.
Na última sexta-feira, Mazoni foi ao Palácio do Planalto para um encontro com um interlocutor que falou em nome da presidenta Dilma.
Não houve um pedido de desculpas formais pela demissão de Mazoni pelo telefone, pelo menos não que eu tenha conhecimento. Mas houve uma manifestação de desgravo que pode, inclusive, ter gerado um novo movimento em sentido contrário: pela permanência do presidente do Serpro.
Por algum tempo, quem sabe, mais um ano, como era a ideia de Dilma.
Mazoni deixou a reunião sem dizer sim ou não para a proposta. Deve haver muito o que considerar. Por exemplo: vale a pena ficar num ambiente hostil, de gente que não tem escrúpulos políticos e é capaz de até fabricar uma intervenção em fundo de pensão superavitário, somente para criar ambiente para a demissão de um presidente de estatal?
O tempo dirá.
No encontro com Mazoni, o interlocutor deixou claro de que a presidenta Dilma ficou irritada com a forma como decidiram tirar Mazoni do Serpro, depois de oito anos servindo ao governo. Quis saber os motivos para essa manobra e o responsável, Tarcísio Godoy, secretário-execurtivo do Ministério da Fazenda, teria sido chamado ao Palácio do Planalto para se explicar.
Godoy, segundo contam fontes palacianas, teria produzido uma nova pérola, bem ao estilo da que foi proferida pelo interventor do fundo de pensão SERPROS, Walter de Carvalho Parente, que disse não ter a menor ideia do que fazia lá, mas que “aguardava instruções”.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda teria explicado que a demissão de Mazoni teria sido “preventiva” aos resultados da intervenção no fundo de pensão.
Se tal conversa existiu, quem deveria ser demitido pelo telefone era esse Tarcísio. Afinal de contas, pela primeira vez eu vejo um presidente de estatal ser demitido previamente, porque um fundo de pensão apresentou bons resultados. Fica a dúvida: será que o senhor Tarcísio Godoy tem o dom da previsibilidade e espera que o próximo balanço apresente prejuízo?
Seja como for, existiu uma demissão e foi por telefone. Se pediram para Mazoni desconsiderar o episódio e ficar, mesmo que seja por mais algum tempo, resta saber se ele aceita e como será o Serpro depois disso.
Ficar como presidente, com a área econômica sistematicamente sabotando a sua gestão, negando ou atrasando pagamentos e investimentos, pode não ser o ideal de vida para ele.
* Vamos aguardar os próximos episódios desta trapalhada política cometida por quem deveria se preocupar com a Economia.