Para o CEO da Bossa Invest (ex Bossanova), Paulo Tomazela, investidores locais já apontam reflexos no setor de inovação em Israel, importante polo de tecnologia mundial. Com um dos ecossistemas de inovação mais importantes do mundo, Israel é considerado o país das startups.
“Em primeiro lugar, é um cenário humanitário muito triste. Do ponto de vista do ecossistema de inovação, tecnologia e Venture Capital, já estamos vendo consequências. Sempre que há um ambiente de muita instabilidade e incerteza, a confiança dos investidores cai. Não sabemos quanto tempo o conflito pode durar e as proporções que pode tomar, mas algumas análises apontam para, em cenários piores, além do lamentável impacto para os indivíduos, alguns reflexos na economia, como alta do preço dos combustíveis e aumento da inflação”, aponta o CEO da Bossa Invest.
Além da questão humanitária, o conflito já produz cenário de instabilidade, gerando uma cautela maior dos investidores.
Desde janeiro deste ano, a Bossa tem grupos de co-investimento que também realizam aportes em startups israelenses via Ourcrowd – plataforma de venture capital early-stage com mais de 350 startups no portfólio. Através deste contato, já foi possível sentir os impactos no setor de tecnologia daquele país, segmento responsável por quase 15% dos empregos locais.
“Toda a base de investidores foi informada de que será feito o possível para manter o escritório em Israel operando, mas que vários dos seus funcionários e membros familiares foram convocados como soldados da reserva devido ao estado de guerra – no país o serviço militar é obrigatório para a maioria dos cidadãos a partir dos 18 anos, inclusive para mulheres. O mesmo impacto deve ocorrer com diversas empresas e startups e infelizmente deve prejudicar o cenário empreendedor local”, lamenta Paulo.
Inovação pode ser recurso para reduzir impactos
Paulo comenta que empreendedores já estão se mobilizando para utilizar a tecnologia e inovação para reduzir os muitos problemas críticos que estão aparecendo devido à grave situação, como nos setores de saúde, mobilidade, produção e distribuição de alimentos. “Essas são algumas das áreas que podem ter o suporte da inovação para que a crise e os prejuízos à população sejam minimizados”, avalia.