Como o blockchain pode ajudar na segurança da IoT

*Rodrigo Pimenta – Um recente estudo da Juniper Research, especializada em Business Intelligence de Mercado, informa que o número de IoTs chegará a 83 bilhões em 2024 e evidenciou que a adoção de Blockchain e IoT vai gerar uma economia global de 30%, cerca de US$ 31 bilhões (R$ 128 bilhões) até 2024, por evitar fraudes relacionadas aos alimentos em toda a cadeia de abastecimento.

Cada vez mais o mercado consumidor tem buscado se identificar e comprar produtos de empresas com consciência e atitudes sustentáveis. Uma empresa sustentável tem uma gestão cadeia de produção e, por consequência, uma cadeia de valor maior, gerando simpatia com o consumidor final e, com isso, aumentando seu faturamento. Como fazer isso considerando a complexidade das informações que fluem nesta cadeia, sem comprometer a segurança, custo, integridade e longevidade da informação? Uma arquitetura de tecnologia se torna um forte candidato para resolver isso: o Blockchain.

Sempre que pensamos em Blockchain, automaticamente pensamos em criptoativo, que é uma grande revolução no sistema financeiro para Smart Cities 5.0. No entanto, o que poderíamos aprender com a tecnologia e fazer aplicação na prática em outros contextos ou cenários? A priori, para aplicarmos com eficiência precisamos entender melhor alguns componentes básicos e que problemas que essa tecnologia resolveu.

Basicamente, a tecnologia Blockchain foi criada para resolver uma grande questão: “Como podemos conectar informações entre pessoas, de forma segura, garantindo rastreabilidade e não duplicidade com o mínimo custo de infraestrutura possível?”. Rapidamente pensamos na solução peer-to-peer (P2) de BitTorrent, para compartilhamento de música e de arquivos. Essa solução se encaixa como luva, todavia faltava um pouco mais de sofisticação – como resolveria o problema de contabilidade e armazenamento em ambiente caso ficasse sem internet (offline) momentaneamente? Para isso viria a matemática da criptografia.

A matemática da criptografia requer um grande desafio de qual design de algoritmo utilizar. Na época, em meados de 2019, tínhamos o design de criptografia de chaves público-privadas usando RSA e PGP, no entanto, o que chamou atenção pela sua versatilidade, segurança e tamanho em bytes foi a criptografia elíptica, precisamente o algoritmo DSA “ECDSA elliptic curve”.

Tínhamos, de forma bem simplificada, quaisquer indivíduos trocando informações entre si, garantindo identificar tais indivíduos por meio da criptografia, em uma estrutura de propagação dos dados (broadcast) ponto-a-ponto, onde cada nó da rede poderia guardar e transmitir propagando para outros, garantindo a sua não duplicidade e integridade.

Pois bem, e se ao invés de pessoas enviando informações assinadas por elas, fossem outras máquinas e de forma independente? E se essas máquinas fossem um IoT “Internet-of-Things” ou no português conhecidos como “Internet das Coisas”? Vamos analisar uma cadeira de operação de produção de um iogurte até o consumidor no supermercado, por exemplo. Analisando de frente para trás a cadeia de suprimentos (“supply chain”), temos o consumidor que compra um iogurte, que veio em uma caixa, que foi transportada em câmara com temperatura resfriada, que veio de um lote de uma fábrica que também armazenou em uma câmara fria controlada para o produto final, que por sua vez misturou e fermentou o leite, que foi pasteurizado e veio transportado de outras fazendas e que o rebanho bovino que contribuiu para esse iogurte veio da progenitora da vaca “mumu”.

Parece até ficção científica, mas a infraestrutura para se mapear tudo isso, gerenciando e controlando todos os dias de forma contínua, sem que haja algum hacker ou erro sistêmico de integridade, é resolvida de forma elegante e custo-benefício de IoT integrado com Blockchain internamente em seus códigos.

Temos diversas soluções Blockchain open source (código aberto), não só financeiras, como a Hyperledger e a “IBM Food Trust”, ambas da IBM, a MultiChain, da Coin Sciences, a AgreeMarket da Argentina, a colombiana AOS e a brasileira Hubchain Technologies. No segmento financeiro, temos um destaque especial ao Projeto IOTA que foi construído para que seja um protocolo interessante para funcionar com a maioria dos IoT.

Focando na segurança, é cada vez mais crescente a criação de Frameworks IoT que interagem com a cadeia de suprimentos usando Blockchain, empresas da rede “Food Trust”, composta por mais de 200 organizações, dentre elas Carrefour, Dole, Nestlè, Walmart, Dole, Dellite e diversas gigantes do setor.

Segundo a autora da pesquisa, Dra. Morgane Kimmich, “Hoje, a transparência e a eficiência na cadeia de abastecimento de alimentos são limitadas por dados opacos que obrigam cada empresa a confiar em intermediários e registros em papel. O Blockchain e a IoT fornecem uma plataforma imutável e compartilhada para que todos os atores da cadeia de suprimentos rastreiem e rastreiem ativos; economizando tempo, recursos e reduzindo fraudes”. Com isso, temos maior segurança não só no consumo de alimentos, mas também na perenidade e auditoria automática de processos e da operação.

*Rodrigo Pimenta é engenheiro elétrico formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Mestre em Administração, Economia, Finanças e Operações pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), autor de publicação de Inteligência Artificial e Algoritmos Genéticos. Conta com experiência de mais de 10 anos no Banco Itaú, onde atuou como um dos primeiros Arquitetos de TI Corporativo e, atualmente, é CEO e fundador da Hubchain Tecnologia, cujo trabalho pioneiro dedica-se a oferecer soluções inovadoras em blockchain, inteligência artificial, open bank e criptomoedas para startups, médias e grandes empresas. Rodrigo participou de algumas grandes discussões sobre blockchain, inteligência artificial e criptoativos e é considerado um dos maiores especialistas do segmento.

Para saber mais, acesse: https://hubchain.com

*Rodrigo Pimenta, CEO da HubChain Tecnologia