Coluna de segunda

Depois de 58 dias de Governo Lula fica a indagação: por que as estatais de Tecnologia (incluindo Telebras) continuam na lista de privatizações? Até mesmo a Ceitec, cujo processo de extinção foi suspenso, o que na realidade ocorreu até agora foi que houve um adiamento da decisão, para que sejam feitos “novos estudos”. E mesmo sendo nomeado um novo liquidante, a velha equipe que estava desmontando a empresa continua lá para insatisfação dos poucos funcionários que restaram na empresa.

*Então, Lula: vai ou não vai suspender a venda/extinção de estatais de Tecnologia?

Musk, o intocável

Procurei saber com a Anatel se vai se mexer e investigar a denúncia da Carta Capital, de que a empresa de Elon Musk, a Starlink, vende Internet via satélite para garimpeiros em terras Yanomami. E ouvi a seguinte resposta: “a denúncia da revista carece de materialidade”, para fazer o órgão regulador desgrudar o bumbum da cadeira e ir fiscalizar. Eu se fosse da Anatel seguiria pelo menos o padrão da Autoridade Nacional de Proteção de Dados: fiscalizava via “ofício”.

Barrado no governo

Roberto Requião (PT) não gostou de perder pela segunda vez a possibilidade de ocupar espaço no Governo Lula. A primeira derrota foi quando deram uma vaga para ele no conselho da Itaipu; que chamou de “boquinha de luxo” e recusou. Depois foi para as redes sociais apoiar o nome de Marcos Mazoni para retornar à presidência do Serpro e também não emplacou. Pior, perdeu a presidência da estatal para o Centrão do Paraná, que em dobradinha com o Centrão Nacional e o PT paulista irá nomear o técnico Alexandre Amorim. Todos sabem que Requião não leva desfeita para casa calado e já começou a abrir a boca.

Encalhou?

Já te mais de um mês que a ministra Luciana Santos (MCTI), anunciou o lobista Celso Pansera para a presidência da Finep – Financiadora de Estudos e Projetos (MCTI) – com direito a foto sorridente e tudo. De lá para cá nada aconteceu. Vai pelo mesmo caminho as indicações das demais diretorias que já foram anunciadas mas não saem no Diário Oficial. Luciana Santos mantém a tradição de não conseguir nomear ninguém na sua pasta. Com mais de 50 dias de governo, a gestão da ministra tem sido marcada até agora por visitas e audiências com empresários.

Finep na Favela

Celso Pansera já circulou no Carnaval dando ares de presidente da Finep no Governo Lula. Fez até foto fazendo o “L” ao lado do seu padrinho de indicação, o ex-prefeito de Maricá e deputado federal, Washington Quaquá. O atual prefeito do município, Fabiano Horta, também está do lado direito de quem vê a foto. Mesmo sabendo que o PT está tiririca com Quaquá, após ele ter aparecido em foto com o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, Pansera foi dar uma força para o amigo. Que gastou uma fortuna para criar na Marquês de Sapucaí o “Camarote Favela”, mas não foi prestigiado por ninguém do governo ou da liderança máxima do PT. A não ser que Pansera já possa ser considerado governo, mesmo sem nomeação.

Dependência

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Aqui temos um clássico do que é um país que não desenvolve a sua própria tecnologia e fica dependente dos outros. A indústria bélica brasileira é impedida pela Alemanha de vender os seus blindados Guaranis para as Filipinas. Por ter se recusado a enviar munição para a artilharia da Ucrânia que está em guerra com a Rússia, conforme queriam os governantes alemães e os demais países da OTAN. Esse é a dura realidade da famosa tese de que comprar pronto qualquer coisa lá fora sai mais barato do que produzir no Brasil.

“Cleuza”: a “IA” da BBTS

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O Banco do Brasil terceiriza para a sua subsidiária BBTS – BB Tecnologia e Serviços (ex-Cobra Tecnologia), o serviço de call center. Por meio da subsidiária tenta buscar, aparentemente sem sucesso, alguma renegociação para uma dívida antiga que a Cleuza tem no banco público. Como nenhuma delas atualiza o banco de dados cadastrais da Cleuza – coisa muito difícil num governo que se diz “digital” – quem acaba pagando o pato por isso é o Sérgio. Em resumo, a Cleuza se tornou a nova “IA” da BBTS: uma “inteligência para azucrinar” a vida das pessoas.

Procura-se

O Secretário de Governo Digital, Rogério Mascarenhas. Desde que assumiu a SGD não disse a que veio, mesmo ocupando um cargo que até o Governo Bolsonaro era tido como o “CIO do Governo Digital”. Tinha uma série de perguntas para ele, mas a autoridade até agora não participou de eventos, não deu entrevistas para os jornalões, nada. Rogério, quem não for visto, não será lembrado.

Seguro barbeiragem

O Serpro está com licitação na praça, para contratar “serviços de cobertura de seguro de responsabilidade civil para empregados do SERPRO”. Na prática a empresa se dispõe a bancar um seguro, que garanta que o funcionário tenha como pagar uma indenização caso ele prejudique alguém com uma decisão errada que tomou durante a sua gestão na estatal. Na realidade, mesmo que morram a família não arcará com o pagamento de eventual indenização. Fica assim combinado, se você se sentir prejudicado por alguma razão processe o Serpro e o funcionário responsável. Se ganhar, o Serpro pagará a indenização até R$ 30 milhões e livrará a cara do responsável.

Seguro barbeiragem II

Quem tem direito ao seguro: “Membros do Conselho de Administração, os Membros do Conselho Fiscal, os Membros da Diretoria, os Superintendentes e todos empregados, que ocupem, tenham ocupado ou que venham a ocupar, desde a data retroativa de cobertura até o termo final de vigência da apólice, cargo ou função que implique o exercício de tomada de decisões e/ou na sua responsabilização pessoal pelas omissões e atos praticados no exercício de suas respectivas funções”.

*Vou dar mais detalhes disso no blog.

Governo transparente?

Reportagem do meu colega Manuel Marçal do jornal O Tempo, sobre os “brindes” que ministros e o presidente já receberam no governo, além de ser divertida, também demonstra que ainda estamos longe de termos um governo transparente no Brasil. Mesmo que exista uma Lei de Acesso à Informação. Me surpreendeu que o “mau exemplo” de não fornecer informações tenha partido até mesmo da Presidência da República, já que o titular Luiz Inácio Lula da Silva tem defendido transparência total em seu governo.

No dos outros é refresco

Quebrar o sigilo de 100 anos para diversas atividades, que foi imposto por Jair Bolsonaro no governo anterior pode. Já informar os brindes que o presidente Lula recebeu, nem tanto. Só faço um reparo na reportagem: criar um “Cadastro Nacional de Jabás” seria um tanto demais (hahaha). Quem ainda não viu a reportagem clique nesse link: https://www.otempo.com.br/politica/governo/lista-de-presentes-a-ministros-de-lula-inclui-coca-cola-e-estatua-de-santa-1.2819697