Primeiro é preciso dizer que um governo não pode ser julgado em apenas 100 dias. No máximo dá para avaliar se ele está ou não seguindo o rumo que prometeu em campanha eleitoral. No campo Social já há muito o que mostrar e não poderia ser diferente. Mas nas áreas de Tecnologia da Informação e Comunicações, que são o foco da cobertura desse blog, não se pode dizer muita coisa sobre os 100 primeiros dias deste terceiro mandato do presidente Lula. O governo parece estar andando de lado. Em parte essa inércia se deve ao fato de que a montagem do terceiro governo está sendo complicada. Uma coalizão de partidos políticos com interesses difusos acaba por não dar um rumo à Tecnologia.
Nos 100 dias…
É nítida a falta de um CIO na área, dando foco e mostrando para onde deve caminhar o governo, embora a Secretaria de Governo Digital tenha sido mantida na estrutura do atual do Executivo Federal. Essa secretaria, que no Governo Bolsonaro ocupou o espaço político na condução da estratégia da transformação digital no setor público, até agora está muda, tímida, com certo medo de dizer a que veio e para onde irá. Por sorte a única notícia ruim neste período foi justamente não ter tido notícia ruim.
100 Comunicação
A Comunicação tem se mostrado ineficiente. Herdada do Governo Bolsonaro, só enxerga na rede social o canal para propagar a sua versão controlada de informação. É seletiva no quesito relevância dos veículos, impedindo os pequenos blogs de ter acesso às informações. Escolhe para quem dar a notícia, enquanto vem montando uma “rede de parceiros”, os quais pagará para expor a sua versão. O governo está capturado pela indústria do “joinha” das redes sociais. Pela triste ideia de que 100 mil “likes” e apenas 10 engajamentos são a mesma coisa. E vai pagar caro por essa enganação das empresas “especializadas no digital”. Mas agora o Governo Lula tem uma página na Internet onde você pode saber quais foram as “entregas” que este governo fez e janeiro para cá.
*Pelo visto 100 dias não foram suficientes, para este governo mudar o verbo “entregar” usado até ficar ralinho pelo Governo Bolsonaro.
Barrado no Maranhão
É dura a vida de um ministro das Comunicações, quando se tem um ministro da Justiça adversário político no Estado. O maranhense Juscelino Filho terminou barrado na comitiva de Lula em visita ao Maranhão, onde o presidente foi ver de perto os estragos causados pelas fortes chuvas. Juscelino não tinha como participar da comitiva, se nela contava a presença do rival, Flavio Dino – ministro da Justiça e ex-governador do Maranhão. Fica para a próxima enchente, se Juscelino sobreviver no governo até lá.
Finep(a)
A participação feminina nos quadros de direção da Finep – Financiadora de Estudos e Projetos; vinculada à pasta da MINISTRA, Luciana Santos (MCTI) é pífia. Isso levou às profissionais redigirem um manifesto pedindo educadamente que a ministra e o seu corpo dirigente no MCTI, formado apenas por “machos”, sejam mais proativos na escolha de mulheres para as funções-chave do microbanco da inovação. Destaco parte do manifesto com os números sobre a participação feminina no comando da Finep. A ministra já tem o documento em mãos. Mas até agora não disse se vai se ocupar do assunto ou se vai transferir o abacaxi para o secretário-executivo resolver. Luciana está de malas prontas para a viagem à China, onde vai aparecer em fotos ao lado de Lula. Chiquérrimo!
Telessaúde
O presidente Lula cobrou hoje ao fazer um balanço dos 100 dias de governo, o acesso da população mais carente à consulta com médicos de renome através do Telessaúde. Ele pediu ao Ministério da Saúde pressa na montagem da infraestrutura necessária. Esse tema já havia sido discutido na 3ª Reunião Ordinária da Comissão Intergestores Tripartite de 2023 do ministério da Saúde no último dia 30 de março. A Secretaria de Saúde Digital, Ana Estela Haddad, já havia destacado a importância do projeto: “certamente se a gente puder avançar na Transformação Digital e trazer a Telessaúde integrada ao processo de regulação, junto com o prontuário eletrônico, a gente vai ter a condição de uma pré-triagem e organização por classificação de risco, para atender essa demanda de uma maneira melhor, mais racional e rápida”.
Bolsonarista no Serpro
Alberto Marcelo Parada, o candidato a diretor de Operações do Serpro, também foi um grande apoiador do ex-deputado Roberto Jefferson, que acabou preso por ter atacado policiais federais, após se meter em confusão com o STF por conta de fake news nas redes sociais. Se dependesse do futuro diretor do Serpro, Roberto Jefferson merecia até uma estátua em praça pública. Tá certo, o comentário dele é de 2017; certamente de lá para cá ele já deve ter cruzado o Rubicão e virado um autêntico comunista.
Deu ruim Elon Musk
Com tanta gente para o algoritmo do Twitter recomendar páginas fascistas, este foi sugerir justamente as tais páginas para a Assessora Especial de Direitos Digitais, a Advogada Estela Aranha? O resultado dessa “falha extremista” foi imediato: o Governo Lula pediu a exclusão de mais de 430 contas por incitação a ataques em escolas. Mas você já gosta de viver perigosamente hein, Elon?
