Ulysses Guimarães tinha uma frase que costumava usar para esclarecer a solução alcançada para alguma crise, que envolvia uma personagem ou um grupo político: “Não se faz política sem vítimas”.
Esse suposto escândalo da TIM denunciado inicialmente pela Folha de S.Paulo e que depois ganhou o noticiário nacional, virou uma encruzilhada política para o presidente da Anatel, João Rezende, pois caberá à ele conduzir o Conselho Diretor para a escolha de uma “vítima política” de ocasião.
Mas qual?
Existe um relatório preliminar feito por um fiscal da agência, que atesta que a TIM fraudava as ligações no plano pré-pago da operadora e lucrou com isso. O fiscal não ficou apenas na produção de um texto com essa acusação, procurou fazer medições que o levaram a concluir isso. A operadora, por sua vez, nega cabalmente essa informação e diz que o relatório técnico do fiscal contém erros.
Essa situação coluca a Anatel entre a cruz e a espada.
Se instâncias superiores da agência que estão se debruçando sobre o caso concluírem que o fiscal acertou nas suas investigações contra a TIM, o conteúdo terá de ser encaminhado para a Polícia Federal, pois estará confirmado que há um caso de fraude contra os consumidores de plano pré-pago desta operadora.
Mas se essas mesmas instâncias superiores da Anatel concluírem que o fiscal se excedeu nas suas considerações finais, que tecnicamente ele não tem provas que sustentem a denúncia de fraude na TIM, a agência estará declarando publicamente que pisou na bola e não tem competência técnica para investigar as operadoras.
A demora no esclarecimento dessa denúncia contra a TIM tornou-se ruim para todos os envolvidos, uma verdadeira bomba relógio, tanto para a TIM, quanto para o governo.
Causa danos à imagem da companhia perante a opinião pública, da mesma forma que coloca o trabalho dos 800 fiscais da agência sob suspeição, com desdobramentos políticos inimagináveis neste momento.