Hoje a Folha de São Paulo sustenta sua matéria inicial sobre suposto lobismo de José Dirceu na Eletronet, mas até agora não apresentou nenhum documento para corroborar toda a confusão política que arrumou. Hoje aparece o tal empresário afirmando ser dono de parte do capital que compõe a Eletronet e que espera receber R$ 200 milhões.
A matéria da Folha começa assim:
“Ao contrário do que afirma o governo, o empresário Nelson dos Santos, sócio de 25% da Eletronet, diz ter direito a receber um valor que pode passar de R$ 200 milhões independentemente de a companhia ser ou não incorporada à Telebrás, estatal de telecomunicações que deverá ser reativada com o PNBL (Plano Nacional de Banda Larga)…”
* Bom, se tem personagem na matéria e esta afirma publicamente que é dona de 25% da Eletronet, então vamos procurar confirmar a veracidade das declarações deste senhor.
Na Comissão de Valores Mobiliários busquei informações sobre algum fato relevante, algum documento que tenha sido publicado até hoje, que pudesse esclarecer se houve alguma mudança no controle societário da Eletronet, antes ou depois da tal “consultoria” de José Dirceu em favor da Star Overseas.
A Eletronet era formada até a decretação da falência pela 5ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, em maio de 2003, por 49% do controle exercido pela Eletrobrás ( através da subsidiária LightPar) e 51% pelo grupo americano do setor de energia AES.
Não encontrei nada que pudesse esclarecer a tal mudança de controle. É curioso que alguém se diga “sócio de 25% da Eletronet” – que não é pouca coisa – sem apresentar algo que corrobore essa informação. A Folha de São Paulo também não esclarece essa mudança na composição societária. Só informa quem comprou e agora reclama da vida.
Na matéria principal, que gerou a confusão, a Folha publicou o seguinte:
“…Diante da falência, a AES vendeu sua participação para uma empresa canadense, a Contem Canada, que, por sua vez, revendeu metade desse ativo para Nelson dos Santos, da Star Overseas, transformando-o em sócio do Estado dentro da empresa falida…”
Bom, a Folha informa que houve mudanças no bloco de controle da Eletronet. Não posso garantir com 100% de certeza, que não houve tal mudança. Apenas relato que não encontrei facilmente algum documento que ateste tal mudança, no site da CVM. Que por sua vez se cala.
Fica uma impressão ruim, de que andou rolando, sem o conhecimento da Comissão, algum tipo de “contrato de gaveta”. E de R$ 1,00 – coisa bem picareta.
Seria interessante a Folha de São Paulo, que detém a comunicação com tal fonte, apresentar algum documento que ateste que o senhor Nelson Santos é dono de 25% da Eletronet, seja por R$ 1,00 ou não e que tem fé pública para agora se dizer credor da massa falida da Eletronet. E, se possível, apresentar algum documento de quem vendeu a participação na Eletronet para este senhor.
*Também seria bom José Dirceu explicar logo o serviço de consultoria que prestou para a tal empresa, que tem sede nas Ilhas Virgens Britânicas. Em outras épocas o PT teria espasmos musculares, se ouvisse falar de empresa com sede em paraíso fiscal. Não adianta ele apenas aparecer em frase solta em jornal, alegando que a tal consultoria “não foi para banda larga”, como afirma a Folha no noticiário de hoje.