
Apesar de o Brasil possuir uma energia elétrica considerada competitiva e custos operacionais próximos aos de outras economias, o país continua perdendo espaço na corrida global por infraestrutura digital. O motivo, segundo o presidente da Brasscom, Affonso Nina, estaria no alto custo de capital para construir data centers.
“A energia é competitiva, o custo de operação é bom. O que encarece é o investimento inicial. Construir um data center aqui custa até 30% mais do que fora. Isso faz com que os serviços de processamento fiquem mais caros e que empresas brasileiras acabem comprando soluções de fora”, explicou.
Essa distorção, segundo dados do Banco Central, contribui para o aumento do déficit na balança comercial de serviços digitais, especialmente a partir de 2021. Parte da demanda nacional por computação em nuvem e processamento de dados vem sendo atendida no exterior, o que limita a expansão da infraestrutura local e enfraquece a autonomia digital do país.
“Depois de prontos, nossos data centers são eficientes e competitivos. O problema está na largada. O investimento inicial é muito caro, principalmente por causa da carga tributária”, afirmou durante audiência pública hoje (15) na Comissão de Ciência, Tecnolgia e Inovação da Câmara dos Deputados sobre o programa Redata..
A proposta do Redata, enviada ao Congresso por medida provisória, pretende reduzir a carga tributária sobre a construção de data centers e criar condições para que o país atraia novos investidores.
Com menos impostos sobre importação de equipamentos e materiais de infraestrutura, o governo espera equilibrar custos com os padrões internacionais e viabilizar a instalação de novos polos de processamento no Brasil.
“Com o Redata, queremos que o Brasil pare de exportar demanda e passe a importar investimento. O país tem energia limpa, capacidade técnica e mercado interno. Falta só remover o peso tributário que está travando a expansão”, concluiu.