Presidente Bolsonaro, o senhor ainda não entendeu que a campanha já acabou e que o senhor está acima do mediano do seu eleitor? E do seu opositor? Que quando o senhor “fala”, seja por rede social ou em público – via imprensa – pode provocar tsunamis políticos, mexer com mercados e dar margem a se pensar em algum despreparo do seu governo?
Em menos de uma semana o senhor comprou brigas, deu informações desencontradas dos seus assessores, mostrou mais uma vez desconhecimento da máquina governamental e desinteresse em se informar antes de falar. Enfim foi o propagador do próprio desastre político.
A quem o senhor está ouvindo como conselheiro para governar com as redes sociais? Seu filhão Carlinhos PitBull, que parece um meninão que se recusa em deixar a adolescência e a quinta série?
O senhor pode e deve falar com a rede, com o seu eleitor. O senhor pode, por exemplo, mostrar o seu dia a dia, o enorme peso que é carregar nas costas a Presidência da República de um país, mas sob o ponto de vista das responsabilidades. E não sob o ponto de vista da vitimização, porque foi o senhor quem quis ser presidente, não lhe foi imposto isso.
Ahh e nos poupe das imagens do senhor lavando cuecas, seja lá o que for. É preciso ser muito burro para achar que esse tipo de marketing político convence alguém. O senhor não é povo, portanto pare com esse populismo barato que, a meu ver, nem ficava bem em Lula, mas vida que segue.
Pode anunciar medidas, quando combinadas previamente com os seus assessorados. Aliás, anunciadas pelo senhor ganham maior credibilidade e tornam o governo um corpo único, coeso, centrado nos objetivos que se propõe cumprir.
Agora, brigar com a oposição por rede social é passar um recibo de homem desocupado, imaturo e reativo, que se dá ao luxo de gastar um tempo que supostamente não teria, para dar crédito a um opositor cuja maior função neste momento de Congresso fechado é atirar pedras no telhado alheio.
O senhor deve buscar diálogo com a oposição, mostrar eventual equívoco que eles possam estar cometendo na avaliação do seu governo. Mas nunca provocar ou responder inquirições. O senhor não está em julgamento, neste momento, então não se coloque num “banco dos réus”.
O senhor deve sempre ter em mente que o presidente da República tem o papel de ser o resultado da soma de um governo. E não partir para a demonização do terceiro escalão por questões ideológicas. Siga o exemplo do governador do DF, a quem não tenho o menor relacionamento político, nem como fonte de notícias.
De um prazo ao seu governo para mostrar resultados. E como o CEO de uma grande corporação, ao fim deste prazo troque quem não estiver dando certo. Governar é isso.
*Mas lembre-se sempre de uma regra política na Administração Pública: não contrate quem o senhor não possa demitir amanhã.