*Por Francisco Carvalho – Recentemente, li o livro “O Futuro do Dinheiro”, de Rudá Pellini (Ed.Gente), e as questões que ele aborda nos mostram o rápido crescimento dos bancos digitais e fintechs. O material fala sobre liberdade, dinheiro e tecnologia e como esses três pontos juntos darão mais poder para você ser dono do seu próprio dinheiro, além de apresentar diversas inovações e exemplos de estabelecimentos que estão facilitando o consumo de serviços e produtos financeiros e ajudando a democratizar o crédito.
O autor fala ainda sobre essa revolução financeira pela qual estamos passando e a disrupção que ela vem realizando, e sobre a teoria do early adopter, que fala sobre consumidores antenados que descobrem as novidades, produtos e tecnologias e as adotam logo após as suas invenções. A célebre frase, de Augusto Branco, “Quem chega primeiro bebe água fresca” se aplica não só aos consumidores, mas também às empresas que se estruturam mais rápido para preencher esse espaço de inovação e disrupção.
O crescimento dos novos bancos, os chamados ‘digitais’, e das fintechs, se deve ao avanço da era digital e foram enormemente impulsionados pela pandemia. Oferecendo praticidade e agilidade nos serviços, muitas dessas empresas conseguiram dobrar a carteira de clientes em 2020.
Para você ter uma ideia, segundo o último levantamento realizado pela Radar Fintechlab em 2020, no Brasil, o número de fintechs aumentou em quase 28%. Saiu de 604 em junho de 2019 para 771 em agosto de 2020. Ainda de acordo com o estudo, no mesmo período, foram abertas 258 empresas. Um outro levantamento, desta vez realizado pelo pelo UBS Evidence Lab, mostra que em 2020, pela primeira vez, a parcela de downloads de aplicativos dos novos players ultrapassou a de instituições tradicionais e alcançou 52% da marca de downloads.
É notável o que a criação desses tipos de estabelecimentos, que desenvolvem tecnologia para serviços financeiros desburocratizados e com menos atritos para os clientes, trouxeram de inovação para o setor, oferecendo mais praticidade, segurança e, o principal, foco no usuário!
Algumas pessoas ainda me perguntam quais as diferenças que as fintechs trouxeram para o mercado e, para não me estender demais, cito alguns dos que mais me chamam atenção aqui:
• Benefício financeiro: produtos com tarifas mais baixas ou até isento delas, taxas de juros mais baixas para tomar crédito e mais altas para investir
• Simplicidade e agilidade: contratação 100% online e imediata de diversos produtos e serviços que antes demoravam dias ou até semanas e algumas visitas à sua velha agência bancária
• Foco no cliente: as novas empresas entendem que seu principal ativo são os clientes e não medem esforços para agradá-los, ao contrário do que se via na velha indústria financeira, com a eterna sensação de que estavam “fazendo um favor” em nos atender
Diversidade nos serviços, a briga com o sistema e a descentralização das finanças
2020 foi o ano que nos deixou grandes exemplos de como o setor se expandiu de forma rápida e clara. Vimos grandes marcas varejistas realizando lançamentos de contas digitais, como foi a questão da Magalu Pay, do Magazine Luiza, e várias Fintechs atingindo valorizações espetaculares, algumas inclusive atingindo o desejado patamar de Unicórnio, empresas com valor de mercado acima de US﹩ 1 bi. Para 2021, teremos sim, grandes desafios e novas tendências como é o caso do Open Banking, que dará liberdade e autonomia ao cidadão, visto que ele terá direito total sobre seus dados bancários e históricos de suas transações bancárias, possíveis novas funcionalidades no PIX e o avanço nos novos mercado com a tecnologia as a service.
O jogo inverteu e as grandes instituições financeiras estão trabalhando arduamente para entender e se inserir neste novo cenário. E esse é o certo a se fazer. Costumo dizer que está mais do que a hora de os grandes bancos começarem a seguir a tendência de seus clientes. E quem irá se beneficiar disso tudo seremos nós, enquanto indivíduos!
*Francisco Carvalho é fundador e CEO da Zipdin.