Por Nycholas Zsucko* – O clássico filme Metrópolis, dirigido pelo cineasta austríaco Fritz Lang em 1926, conta uma história que se passa 100 anos depois, no ano de 2026. Rotwang (Rudolf Klein-Rogge), um inventor louco, diz ao seu patrão que seu trabalho está concluído, pois criou um robô à imagem do homem. Ele diz que não haverá mais necessidade de trabalhadores humanos, sendo que em breve haverá um robô que ninguém conseguirá diferenciar de um ser vivo.
Quase um século depois desta previsão retratada em Metrópolis, constatamos que Fritz Lang estava correto. Há décadas que a robótica vem sendo aperfeiçoada e robôs que realizam tarefas com perfeição existem em diversos setores, inclusive na medicina. Para completar, a indústria contou com o desenvolvimento de sistemas cada vez mais automatizados e inteligentes, e ainda conectados a internet, como na Indústria 4.0.
Só que agora a revolução é outra e não envolve nem robôs eficientes nem carros voadores. O desafio é que a indústria atenda ao que a sociedade precisa em termos de humanização sem abrir mão da digitalização já conquistada até o momento, com a flexibilização e adaptabilidade advindas do emprego cada vez maior de tecnologias baseadas em inteligência artificial, edge computing, gêmeos digitais, Internet de todas as coisas (IoE), análise de big data, blockchain e futuros sistemas 6G.
A nova revolução que envolve as pessoas como protagonistas foi iniciada no Japão, com a finalidade de promover a interação entre automação, robôs e seres humanos para que o ambiente de trabalho se torne de fato mais humanizado em termos de inclusão, igualdade, preservação ambiental e sustentabilidade, as prioridades sociais da atualidade. Desta forma, a indústria deixaria de simplesmente replicar as máquinas para dar voz ao poder de criação e elaboração de soluções complexas enfrentadas pela indústria digital.
De acordo com a pesquisa Industry 5.0: A Survey on Enabling Technologies and Potential Applications, publicada por vários autores no site Science Direct, a indústria 5.0 promove empregos mais qualificados em comparação com a Indústria 4.0, pois diversos profissionais com grande capacidade continuam operando máquinas. A Indústria 5.0 se concentra principalmente na customização em massa, em que humanos guiarão robôs. Na Indústria 4.0, os robôs já estão ativamente engajados na produção em larga escala, enquanto a Indústria 5.0 é projetada principalmente para aumentar a satisfação do cliente.
Outro benefício interessante da Indústria 5.0 é o fornecimento de soluções mais verdes em comparação com as transformações industriais existentes, pois nenhuma das anteriores se concentra na proteção do meio ambiente A Indústria 5.0 usa análises preditivas e inteligência para criar modelos que visam tomar decisões mais precisas e menos instáveis. Por isso na Indústria 5.0 a tecnologia continua essencial, pois os dados em tempo real serão obtidos de máquinas em colaboração com especialistas altamente capacitados.
Apesar de várias atividades de pesquisa e desenvolvimento, muitos desafios são impostos na Indústria 5.0. Entre elas, dificuldades em termos de segurança, privacidade, atividades de colaboração entre humanos e robôs em uma fábrica, escalabilidade e mão de obra qualificada.
Portanto, o panorama da Indústria 5.0 vislumbra novas abordagens resilientes, sustentáveis e centradas no ser humano, em diversas aplicações emergentes. O objetivo da Indústria 5.0 é alavancar a criatividade, o pensamento crítico e cognitivo de especialistas humanos para colaborar com máquinas inteligentes e precisas, mas que ainda precisa de estudos para vencer as novas barreiras.
*Nycholas Zsucko é diretor de vendas Brasil da Nozomi Networks.