A misteriosa “solução tecnológica” da Positivo para o supercomputador do LNCC

No último dia 8, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovações, Luciana Santos, recebeu em seu gabinete durante uma hora a direção da Positivo Tecnologia. O tema do encontro registrado na agenda da ministra era: “Apresentação de uma solução tecnológica para o supercomputador do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC)”, que vem a ser o popular “Santos Dumont”. Que solução foi apresentada? Procurada, a empresa se negou a informar. Alegou que “não comenta detalhes sobre reuniões fechadas”.

Ao que parece, o encontro foi bem “fechado” realmente. Pois nenhum representantes do LNCC foi chamado para a audiência, embora o assunto dissesse respeito diretamente à essa unidade de pesquisa vinculada ao CNPq.

A Positivo Tecnologia foi a única integradora de computadores no país a patrocinar oficialmente a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5CNCTI), evento que no dia 30 de julho lançou o “Plano Brasileiro de Inteligência Artificial” e contou com a presença do presidente Lula. O segundo patrocinador escolhido à dedo pela ministra foi a misteriosa startup WideLabs.

Na página oficial do ministério essa reunião, até a data de hoje, não teve nenhum registro feito pela Assessoria de Imprensa do MCTI. No entanto o ministério fez questão de promover a “reunião fechada” com a Positivo em fotos. E não foi um encontro trivial, já que contou com as presenças do presidente e Fundador da Positivo Tecnologia, Hélio Bruck Rotemberg (ao lado da ministra), do vice-presidente de Estratégia e Inovação, Leandro Rosa dos Santos, além do Diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Relações Governamentais, José Goutier Rodrigues.

Do lado do MCTI, além da ministra estiveram presentes: Rubens Diniz Tavares (Chefe de Gabinete), Inácio Arruda (Secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social -SEDES), Dayvid Souza Santos (Coordenador-Geral de Tecnologia Social e Economia Solidária – CGES ), Guilherme Correa (Diretor de Incentivos às Tecnologias Digitais – Substituto), Hamilton José Mendes da Silva (Diretor do Departamento de Incentivos às Tecnologias Digitais – DEINC/SETAD).

Escolas Públicas

Não é à toa que a Positivo Tecnologia está fazendo visitinha de cortesia para a ministra Luciana Santos. Onde tem programa de governo que envolva computador e se o governo for o de Lula, então é batata: lá estará a Positivo tentando um contratinho.

Nos Governos Lula 1 e 2, além do Governo Dilma, a Positivo Tecnologia foi uma das principais fornecedoras de PC, notebooks e tablets para os programas do governo. Lula chegou a visitar a fábrica da Positivo em Curitiba na época, um raro privilégio concedido a um fabricante de PCs e talvez a única vez que se tenha notícia de um presidente frequentando essas unidades, seja de que empresa for.

Graças à Positivo, Lula pode lançar os programas populares e do “laptop escolar”, que depois de sua passagem pelo governo desapareceram do mapa, tornando-se num retumbante fracasso educacional promovido com dinheiro do Ministério da Educação. Só quem ganhou com o programa foi a integradora.

E a Positivo já aguarda o posicionamento do MEC na “Estratégia Nacional de Educação Conectada”, para participar de eventuais licitações que ocorram para a compra de computadores e outros equipamentos para escolas públicas. A empresa já conseguiu colocar o pé no programa, após tornar-se fornecedora oficial no processo de escolha de fabricantes de PCs para as 177 escolas públicas. São as unidades de ensino que participaram de um projeto-piloto do programa “Aprender Conectado”, que conta com os recursos do leilão do 5G e é executado pela Entidade Administratora de Conectividade de Escolas (EACE).

PBIA

Pelo visto, agora chegou a vez da Positivo tentar se encaixar no Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, no qual o governo pretende investir R$ 1,8 bilhão na compra de um supercomputador especializado “Top 5”, além de “Atualização do supercomputador Santos Dummont, no LNCC, para que esteja entre os cinco com maior capacidade de processamento”. Cuja a meta é ter tudo funcionando em cinco anos.

*Sabe-se lá em qual governo.