A “governabilidade” não compareceu à posse de Juscelino Filho no MCOM

Se o presidente Lula conta com Juscelino Filho no Ministério das Comunicações, para ampliar a sua base de apoio no Congresso Nacional através do União Brasil, este blog sente que ele terá problemas futuros. Pelo menos essa é a impressão que ficou da esvaziada solenidade de posse do novo ministro. Para se ter uma ideia, apenas dois deputados dessa legenda foram registrados publicamente pelo cerimonial da solenidade: Heitor Freire (União-MA) e Luciano Bivar (União-PE), que também é presidente do partido. Presença irrisória, se considerado que o União Brasil conta com 53 deputados federais; a quarta maior bancada na Câmara. Na bolsa de apostas, Juscelino não deve durar muito tempo no ministério. Basta que o União Brasil deixe de votar em sua maioria com as propostas do governo.

Relações nada Institucionais

Nenhum outro ministro esteve presente na festa da posse, que ocorreu na parte da manhã. Nem mesmo Alexandre Padilha, o ministro das “Relações Institucionais” de Lula, se deu ao trabalho de dar uma passadinha lá. Não compareceu e nem se fez ser representado por ninguém.

Uma falha para quem tem a função de estreitar os laços do governo com as bancadas dos partidos, de forma a garantir as votações futuras de interesse de Lula no Congresso Nacional.

5G

Ficou evidente que, por um breve período de tempo, este governo deverá fingir que o 5G não foi o maior legado deixado pela gestão de Bolsonaro ao Brasil na área de Telecomunicações. Aliás, a visão que o novo governo tem do 5G, que vem desde a fase da transição, continua sendo a da universalização do acesso à tecnologia, seja através do subsídio aos aparelhos para a baixa renda ou pela redução de impostos. Pelo visto vamos para mais um programa de conectividade ao estilo “internet para todos”. Quando é que este governo começará a falar que fará uma verdadeira revolução industrial nos próximos anos com o 5G?

Discurso e prática

Vou contar um segredinho para o novo ministro das Comunicações. O senhor sabia que em termos de conectividade e do acesso à Internet em áreas remotas (aqueles locais onde as teles não vão porque não dá lucro), a Telebras de Fabio Faria fez mais do que todo o “PNBTeles” da gestão Paulo Bernardo, no Governo Dilma? Cerca de 25 mil pontos de internet via satélite conectaram áreas até então carentes do sinal. Em termos de efetividade, o ex-ministro do Twitter deixou um legado que não pode ser desprezado ideologicamente pelo novo governo. Para quem terá de mostrar serviço nos próximos 100 dias de governo fica a dica!

Dúvida cruel

O Ministério das Comunicações perderá uma parte dos poderes de formular políticas públicas de inclusão digital. Que deverá migrar para a SECOM, agora com a presença do deputado Paulo Pimenta (PT-RS). Porém, embora essa estrutura possa mudar de mãos ministeriais, quem as executa são a Anatel e a Telebras. Que continuarão subordinadas ao MCOM. Então, como Paulo Pimenta poderá interferir na inclusão digital do governo, se a autarquia e a estatal administrativamente não são obrigadas a dar ouvidos às propostas que ele fizer?

Meu Ceará

O conselheiro da Anatel, Vicente Aquino (E), não foi à posse do ministro das Comunicações Juscelino Filho.

Preferiu prestigiar a do cearense Camilo Santana, no Ministério da Educação, assim como grande parte da bancada federal do Ceará.

Mas Aquino é precavido. Pelo sim, pelo não, mandou como seu representante ao MCOM o presidente da agência, Carlos Baigorri.

Meu Ceará?

Me bateu a seguinte dúvida: o que estaria fazendo o ainda presidente da Dataprev, Gustavo Canuto, na solenidade cearense de posse do ministro da Educação, Camilo Santana?

Não consta que a Dataprev esteja sendo vinculada ao Ministério da Educação.

Nem tampouco que o paranaense Canuto tenha um pé no Ceará. Isso soa um tanto estranho, muito estranho.

*clique nas fotos que elas ampliam.