CEO de entidade empresarial norte-americana torce para que “questões comerciais” sejam superadas

Sem ter sido constrangida para falar sobre a guerra tarifária Brasil x Estados Unidos, a CEO do U.S. Council on Competitiveness, Deborah L. Wince-Smith, não deixou de afirmar que, embora os dois países enfrentem neste momento “problemas com questões comerciais”, a parceria na troca de informações sobre inovação e competitividade industrial continuará gerando os bons resultados que já duram 20 anos, desde a assinatura da “colaboração estratégica”. Deborah participou hoje (20) da palestra “Como as Tecnologias Emergentes Impactam a Competitividade dos Países e das Empresas”, realizada na 7ª Mostra de Tecnologia Brasilia Mais TI”, promovida pelo Sinfor-DF, o sindicato brasiliense que reúne as empresas do setor.

Quando foi convidada para participar do evento em Brasilia, o Governo Trump ainda não tinha decidido atacar o Brasil com tarifas alfandegárias de 50%, com o objetivo de forçar o Supremo Tribunal Federal a encerrar o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonado, por tentativa de golpe de Estado. Evitou dizer o que andam pensando os empresários norte-americanos sobre a guerra tarifária criada pelo presidente Donald Trump.

Mesmo assim, fez questão de falar sobre os avanços de novas tecnologias como a inteligência artificial e o que os dois países podem construir juntos em parcerias nessa direção. Em sua palestra ela ressaltou o papel de liderança do empresário Jorge Gerdau Johannpeter, que há 20 anos lançou essa parceria através do MBC – Movimento Brasil Competitivo. Segundo ela, Gerdau foi um dos principais entusiastas da parceria com o U.S. Council on Competitiveness. Também lembrou que essa aliança teve o endosso do BNDES, ABDI e da Confederação Nacional de Industria (CNI).

Inovação

Deborah Smith destacou que foi por conta dessa parceria estratégica e da troca de informações entre empresas e a Academia, que os dois países são hoje os maiores produtores de alimentos do mundo. “Esses laboratórios de aprendizagem e inovação (criados sempre em paralelo nos dois países), geraram uma grande colaboração entre investidores, que inclusive promoveram a criação de startups tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos”, explicou.

A empresária entende que o Brasil já obteve avanços significativos no cenário da inovação global, mas ainda tem muito trabalho pela frente. Principalmente no tocante à “conectividade” das empresas brasileiras com o mercado global. “É preciso que as empresas brasileiras olhem para fora, da mesma forma como atuam olhando aqui dentro”, destacou. E parte desse desafio, segundo ela, seria uma união de esforços das diversas lideranças políticas e empresariais brasileiras, no sentido de otimizar o avanço da inovação.

“Investimentos de longo prazo em pesquisa e desenvolvimento são críticos. O Brasil tem uma história profunda de descobertas científicas e tecnológicas nas universidades e seus laboratórios federais. Mas precisa haver mais conectividade com a indústria”, afirmou a empresária.

Deborah afirmou ser importante que o Brasil avance também na redução de impostos e burocracia, para garantir menos “atritos” e avançar nos investimentos em inovação industrial. Além disso, disse que falta a assinatura de um acordo bilateral com os Estados Unidos para a toca de investimentos nessa direção. “Acho que ainda não temos esse acordo”, disse ela, apesar de saber que o momento não parece ser favorável à essa discussão entre os dois países.

“O próximo estágio no setor de TI será uma convergência com cada setor da economia e precisamos trabalhar, porque o Brasil tem grandes ativos nessa área”, fato que vem ocorrendo em alta velocidade com a aplicação da inteligência artificial em todas as atividades empresariais.

De acordo com a empresária países que entenderem essa necessidade de convergência dos setores econômicos com a inovação gerada nas universidades terão melhor desempenho na economia. Na inteligência artificial ela criticou a União Européia e sua maneira de encarar o avanço da tecnologia.

Segundo ela, a União Europeia dificilmente terá papel preponderante e de liderança no segmento tecnlógico da Inteligência Artificial, por conta do atraso na soma de esforços entre governo/academia e setor privado.

E também na forma como vem impedindo o desenvolvimento da inovação através de uma regulamentação que inibe os investimentos nessa área. A crítica soou para os empresários brasilienses como um aviso para o Brasil não insistir no mesmo suposto erro, agora que vem discutindo no Congresso Nacional a regulamentação da IA.