O dinheiro destinado à Ceitec no Orçamento Geral da União em 2025 (R$ 60 milhões) cobre apenas os seus custos operacionais. Está longe da estratégia de tornar a fábrica capaz de produzir chips necessários ao país, principalmente os voltados para a transição energética. É nítido o desinteresse do MCTI em reativar a empresa, o que vai contra a vontade já manifestada pelo presidente Lula.
A proposta encaminhada pela equipe econômica ao Congresso Nacional apenas mantém a Ceitec acesa, paga os poucos funcionários que ainda dispõe e os fornecedores. Chegou-se a propor R$ 120 milhões, mas pelo visto a ideia foi desconsiderada.
Na abertura da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, realizada em agosto com a presença do presidente Lula, o MCTI e o setor debateram o futuro da política nacional de semicondutores. E ali ficou claro o desinteresse do ministério em reabrir a fábrica. O próprio presidente da Ceitec, Augusto Gadelha, desabafou as dificuldades que vinha encontrando para levar a Ceitec à condição de fabricante de chips.
De nada adiantou o desabafo de Gadelha, que na mesma conferência assistiu o MCTI anunciar R$ 23 bilhões para o desenvolvimento da Inteligência Artificial no Brasil. Dinheiro que é pouco para as intenções do país e só mostra que a IA virou a “bola da vez” nas planilhas dos técnicos do governo.
Resta saber se Augusto Gadelha, depois desta proposta orçamentária pedirá demissão do cargo de presidente da Ceitec. Ou se por uma questão de apego à cargos permanecerá calado e irá preferir acrescentar ao seu currículo de ex-secretário de Política de Informática, a função de capataz de fábrica extinta.