Coluna da Segunda: tem olho gordo na infovia da Região Norte

Pressões empresariais e políticas vem tentando mudar a gestão do programa Norte Conectado, que tem recursos da ordem de R$ 1,9 bilhão para serem investidos numa gigantesca rede de fibras ópticas subfluvial que sai do Amapá e chegará ao Acre. Essa turma quer tirar a gestão e o controle da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) para assumir a função numa espécie de “condomínio” local. Apenas algumas empresas acabariam “aptas” a desfrutar dos benefícios dessa rede, em troca da manutenção técnica do cabo de fibra subfluvial. A pressão já andou caindo sobre a cabeça do ministro Juscelino Filho, que ainda não deu sinais se pretende ceder ou não.

Norte Conectado

Para se ter uma ideia do tamanho deste programa, o Ministério das Comunicações calcula que ao término das obras o Brasil terá na região amazônica 59 cidades conectadas com 12 mil quilômetros de redes fibras ópticas, divididas em 8 infovias que atenderão a uma população estimada de 10 milhões de pessoas. Com tanta grana em jogo – fruto das obrigações a serem pagas pelas empresas de telefonia móvel que venceram o leilão do 5G – era óbvio que isso atrairia a turma que gosta de ganhar dinheiro às custas do governo. A pressão vem partindo do meio político do Amazonas, juntamente com empresas de telecomunicações da região que ganharam um suposto apoio vindo de um instituto de pesquisas amazonense.

Infovia 00

Até agora o programa “Norte Conectado” só inaugurou a primeira infovia subfluvial de fibras ópticas no Amapá, terra do padrinho do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, o senador Davi Alcolumbre, e que foi lançada ainda no Governo Bolsonaro. Outras oito ainda serão construídas pelo Governo Lula, o que significa que em cada área pode haver um cacique político interessado no negócio juntamente com as empresas da região.

*Salve-se quem puder.

Data Dweck

Não me lembro de ter visto algum ministro da Previdência, em governo algum, visitando um data center na Dataprev, quando a empresa ainda fazia parte dessa pasta. A ministra da Gestão, Esther Dweck, foi a primeira a inaugurar essa nova agenda política, ao visitar o data center do Cosme Velho, em Botafogo (RJ). Rendeu até imagem do presidente da empresa, Rodrigo Assumpção, fazendo as honras da casa e comentando sobre a certificação da empresa nesse segmento. Minha dúvida é saber se Esther já inaugurou a sua salinha, que foi criada pela estatal para a ministra despachar no Rio de Janeiro, quando estiver com preguiça de dar expediente em Brasília.

*Os puxas bem que podiam me informar e, se puderem fazer a “fotinha”, da ministra em suas suntuosas instalações cariocas.

Padrinho na Finep

O deputado Washington Quaquá (PT-RJ), já fez a primeira aparição nas dependências da Finep – Financiadora de Estudos e Projetos. A instituição de fomento à Inovação, que é vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e controlada pelo PCdoB, acabou no entanto virando um cabide de empregos do PT carioca. E o deputado petista foi lá conferir de perto o seu novo feudo. Que além de conceder empréstimo para uma fábrica de armas, também deverá liberar dinheiro voltado para projetos inovadores à rodo das empresas, para alegria da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Não foi à toa que praticamente zeraram a taxa de juros para concessão de empréstimos, ao passarem a adotar a TR no lugar da TJLP.

Gente ingrata

É impressão minha, ou na visitinha do padrinho e deputado federal pelo PT-RJ, Washington Quaquá, à sede da Finep, não foi bem “absorvida” pelos apadrinhados Celso Pansera (presidente – centro) e Fernando Peregrino (Chefe de Gabinete – camisa azul)? Na foto dá para ver que ambos não estavam, digamos, “felizes” com a presença do “padrinho Quaquá” nas dependências da Finep. Pôxa, a vida não se resume a só ganhar um cargo de confiança; também é preciso demonstrar gratidão. Um sorriso, mesmo que fosse amarelo, não custaria nada aos dois nesse caso. Ainda mais quando sabem o quanto irão gastar com as “bases cariocas”, quando o padrinho começar a cobrar a fatura política pelas nomeações.

*Haja CPF para segurar esse tranco!

O “risco” da greve

Definitivamente a nova direção do Serpro – que na realidade continua a mesma do Governo Bolsonaro, com apenas um “upgrade” na presidência – já pode ser chamada de inovadora. Ela acaba de criar um “Comitê para Construção de Soluções de Contorno para o Risco do Negócio”. Será formado por funcionários que antes se sentiam bem em serem bolsonaristas e agora estão mais confortáveis ainda, ao sentirem que permanecerão em suas funções no Governo Lula. O tal “Comitê” terá a função de atuar contra a possibilidade da empresa entrar em greve, criando “saídas” para evitar que os funcionários se decidam por esse caminho, no caso da direção não atender às suas reivindicações trabalhistas. O assédio moral vai virar regra na empresa, podem apostar.

Fim do GSI

Com a possibilidade do presidente Lula acabar com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que os militares já disseram que não querem, existe uma possibilidade da criação de uma Agência de Segurança Cibernética subir no telhado. Justo num momento em que a ideia já estava pronta, na forma de um projeto a ser encaminhado ao Congresso Nacional. Os próximos passos de Lula serão decisivos para a criação dessa área.