Uma luz no fim do túnel para a Ceitec

A crise de semicondutores pode levar governo a rever a extinção da Ceitec. Porém, não está sendo cogitada a reativação da fábrica nos moldes como foi criada pelo Governo Lula, para competir com o mercado mundial. A ideia pensada internamente pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações – que com a crise mundial ganhou fôlego para levar um novo modelo ao Ministério da Economia, que não passa pelo desmonte da fábrica – é transforma-la numa espécie de centro de treinamento e capacitação de mão de obra para futuras ‘foundries‘. Que poderão ser atraídas para o Brasil com a revisão de programas de incentivos à produção de chips pelo governo, proposta debatida com o mercado e que é de interesse de diversos setores da iniciativa privada.

O assunto foi discutido na terça-feira no painel: “A Falta de Semicondutores e Oportunidades“, realizado pela 74ª Reunião Anual da SBPC, que este ano tem a temática: “Ciência, independência e Soberania Nacional”. Durante o debate, o Diretor do Departamento de Ciência, Tecnologia e Inovação Digital do MCTI, Henrique de Oliveira Miguel, anunciou que a pasta está prestes a lançar o “Plano Brasil Semicondutores” e por meio dele o ministério pretende conversar com os técnicos do Ministério da Economia, para rever a decisão de extinguir a Ceitec.

O plano é fruto de negociações do MCTI com o Grupo “Made in Brazil Integrado”, formado por entidades que representam diversas cadeias produtivas que dependem de chips para a produção de produtos no mercado brasileiro. Dentre essas entidades destaca-se a Abinee, no setor elétrico e eletrônico e a Anfavea ( automotivo). Pelo ministério as discussões passaram pelo GT Semicondutores.

Henrique Miguel fez uma apresentação das metas do novo plano e como ele impactará a cadeia produtiva de semicondutores brasileira.

Ceitec

Mas foi no debate entre os participantes que Henrique Miguel tornou mais clara a intenção do MCTI de reabrir as discussões com o Ministério da Economia sobre o fim da Ceitec. Cobrado pelos presentes sobre o fim da estatal do chip, Miguel mostrou claramente que, se depender do MCTI, a pasta tem novos planos para a fábrica. No debate participaram Edelweis Helena Ritt (ABISEMI), Júlio César Rodrigues de Oliveira (Idea) e Silvio Luis Santos Jr. (ACCEITEC). os principais trechos desse debate estão no vídeo abaixo:

Desde setembro de 2021 o TCU suspendeu o processo de extinção da Ceitec com um pedido de vistas do ministro Vital do Rego, que foi contundente na fatídica sessão, com criticas pesadas sobre o processo, que já tinha parecer favorável (pela extinção e venda de ativos) do ministro Walton Alencar.

O prazo de vistas ao processo era de 60 dias, o que significa que a Corte de Contas, por razões desconhecidas, vem segurando colocar de volta ao plenário a discussão da estatal do chip. Com a possibilidade de revisão do papel da Ceitec proposta pelo MCTI, existe a possibilidade da empresa ser preservada para um futuro projeto de qualificação de mão de obra necessária para o Brasil atrair fabricantes internacionais em parceria com empresas locais.

*O futuro dirá. A conferir.