Durante o dia de ontem, funcionários do Serpro receberam notícia em seus grupos de discussão criados em serviços de mensagens, de que o STF voltou à estaca zero na discussão de uma ação do PDT que tenta barrar o processo de privatização de algumas estatais, entre elas, Serpro, Dataprev e Ceitec.
A notícia foi divulgada pelo escritório “Veredas Inteligência Estratégica”, com base em informações que alega ter recebido do portal JOTA.
O escritório de lobby Veredas é uma sociedade criada pelo ex-deputado Ricardo Berzoini (PT), ex-presidente do PT de São Paulo, e ex-ministro da Previdência em 2003, do Trabalho e Emprego em 2004-2005, das Relações Institucionais em 2014, das Comunicações em 2015 e da Secretaria de Governo em 2015-2016.
Conta com dois sócios: o jornalista e Efraim Neto, que atuou em diversos cargos nos governos petistas, também chegando a ser ministro de Estado. Há ainda um ex-chefe de gabinete de Berzoini no Ministério das Comunicações.
A notícia do Veredas, que alegrou a todos os funcionários do Serpro, dava conta de que o ministro Dias Toffoli teria conseguido interromper a ADI 6.241 do PDT, movida contra duas leis federais que abrem a possibilidade de o governo privatizar estatais sem a necessidade de autorização legislativa.
A interrupção se daria por suposta obrigatoriedade de o STF ter de recomeçar o julgamento do relatório e parecer da ministra Carmen Lúcia, em sessão presencial, o que iria gerar atrasos na discussão do processo. O parecer da ministra dispensa o governo da obrigatoriedade de pedir autorização legislativa e já conta com quatro votos, além do seu.
Apenas os ministros Edson Fachin e Ricardo Lewandovisk defendem que o Congresso Nacional se manifeste antes do governo vender as estatais, concedendo tal autorização.
A notícia foi disparada nas redes de funcionários do Serpro pelo escritório de lobby, dando crédito da informação para o portal JOTA.
Entretanto, o referido portal em sua página na Internet não tinha nenhuma informação. Supostamente teria levantado uma informação errada no STF e, se chegou a publicá-la, depois a retirou do ar.
Depois da “barriga” (termo utilizado pelos veículos que costumam dar alguma informação errada e são obrigados a se retratar), o escritório Veredas publicou uma “errata”:
Errar uma informação é um risco que qualquer empresa jornalística está sujeita a cometer na cobertura frenética diária que se tornou o jornalismo online. É um degaste para a imagem, mas faz parte do cotidiano, informação não é uma ciência exata.
O que não dá para entender é, como um escritório de lobby, contratado pelo suado dinheiro dos salários de funcionários de uma estatal, faz o papel de agência de notícias e ainda propaga uma informação errada.
Oras, se é um respeitado escritório de “Inteligência Estratégica” e tendo entre os sócios notórias figuras públicas, não teria sido mais fácil telefonar para o ministro Dias Toffoli e buscado a informação correta com ele? Será que renomados lobistas políticos como Ricardo Berzoini e Efraim Neto, não têm o celular de um ministro do STF?
*Que lambança.