Governo festeja economia de R$ 1 bilhão com home office, mas Serpro quer voltar. Na marra!

Contra a vontade da maioria dos funcionários do Serpro, que não se sente segura de voltar a trabalhar dentro da empresa em outubro, numa situação de pandemia mundial do Coronavírus, o governo acaba de anunciar que está economizando R$ 1 bilhão com o trabalho remoto.

“Este valor considera a redução de R$ 859 milhões nos gastos de custeio e a diminuição de R$ 161 milhões nos pagamentos de auxílios para os servidores, entre os meses de abril e agosto de 2020″‘, diz em nota oficial o Ministério da Economia.

Serpro

Ora, se economizou tanto, por que os funcionários desta estatal teriam de voltar a trabalhar dentro da empresa? A lógica não seria continuar em trabalho remoto, já que isso não afetou a área operacional e ainda reduziu os seus custos?

O Serpro tem apenas dois objetivos em mente com a decisão de voltar ao trabalho presencial: O primeiro seria puxar o saco do presidente Bolsonaro. Como o presidente fez o discurso de que a Economia não pode parar, a estatal vem pressionando seus trabalhadores a voltar ao trabalho presencial.

A segunda razão é mais cruel. A direção da estatal, representada por Wilson Coury (diretor de Pessoas – Foto principal) – que é do grupo de risco – usa o argumento como forma de pressionar os funcionários em idade mais avançada a pedirem demissão, para evitar se exporem ao Coronavírus.

Distorção da narrativa

Numa “live” uma funcionária em posição de chefia teria chegado a sugerir que o “cliente” (leia-se governo) “já voltou ao trabalho”. O gráfico acima além de desmenti-la, serviu de propaganda para o Ministério da Economia ir ao jornal Valor Econômico festejar o resultado.

Ocorre que Bolsonaro fala da situação da Indústria e do Comércio, não do serviço público federal. Ao contrário, a lógica seria manter o pessoal em casa, já que os gastos administrativos despencaram.

Desafio a direção do Serpro a vir me explicar a razão para essa decisão. Ainda mais, tomada por um diretor velho, em grupo de risco, que não estará na empresa se arriscando diariamente. Aliás, quase nunca se arrisca, pois mora no Rio de Janeiro e raramente vem dar expediente na sede.

E o Marketing da empresa é de cair o queixo. Olhem só a ilustração que usaram, para tentar convencer numa “live” os trabalhadores a se exporem novamente no regime presencial:

Nas listas de discussão dos trabalhadores, essa imagem acabou virando piada:

*Essas “lives” deveriam ser gravadas para efeito de responsabilização administrativa/criminal, de quem defendeu a tese do retorno ao trabalho, quando a Organização Mundial de Saúde continua recomendando o confinamento máximo possível.

*Morreu alguém amanhã? Processa!