Acabou clima de “paz e amor” propagado ontem através de cartinha aos funcionários pela presidente da estatal, Christiane Edington. Agora vem a intimidação.
A greve já atinge dez estados e tende a ampliar a partir da zero hora de terça-feira, com as adesões do Rio de Janeiro e Espírito Santo. São Paulo realiza assembléia na segunda-feira para decidir o que pretende fazer.
Para estancar o movimento, a direção da empresa decidiu intimidar os funcionários. Com o apoio do Superintendente da Unidade de Negócios, Alexandre Pires Pelliccione, funcionários estão sendo coagidos a não aderir à greve. Com uma prancheta, Pellicione está circulando dentro da sede da empresa, indagando aos funcionários se pretendem ou não aderir ao movimento.
Se confirmado pelo funcionário que sim, ele anota o nome da pessoa no papel. Por conta disso, os trabalhadores da Dataprev estão temerosos de que alguma medida de represália seja aplicada contra eles pela direção da empresa, por terem participado da greve.
O escolhido para essa “missão”, que tem as características de um assédio moral, Alexandre Pires Pelliccione, é “extra quadro”, não é funcionário de carreira da estatal. Entrou na Dataprev em 2016 como ocupante de cargo de confiança da diretoria. Seu salário atual na Dataprev é de R$ 23.319,28.
Também figura no quadro societário de duas empresas. Uma fica no Rio de Janeiro, a “Inplus Informatica Ltda”, cujo capital é de R$ 30mil. Já a outra empresa fica em São Paulo, a “Smart Steps Treinamento E Consultoria Em Negocios Eireli”, cujo capital social é de R$ 93,7 mil.
É mais um caso de empresário lotado no governo e em posição de comando dentro de uma empresa estatal, que está numa lista para ser vendida à iniciativa privada. Mas se a presidente da Dataprev é dona de uma consultoria, quem iria contestar a presença de um empregado e dono de empresa de informática, numa estatal de processamento de dados?