“Ousadia para inovar sem limites”. Mas com dinheiro do Funttel?

Com esse slogan acima, o CPqD anuncia o patrocínio – sem divulgar valores – de um alpinista brasileiro, que escalará o monte Everest (8.848 metros de altura) e lançará a nova logomarca da empresa numa bandeira que será colocada no cume da montanha na segunda quinzena de maio.

“A ‘parceria com o alpinista’ faz parte da estratégia de reposicionamento do CPqD, um processo iniciado em 2018 e que culminará com uma nova logomarca, a ser lançada no topo da montanha mais alta do mundo. (…) – Estamos vivendo um momento de transformação e de renovação, que será representado na logomarca”, afirma Sebastião Sahão Júnior, presidente do CPqD.

Resta saber quanto está custando essa parceria, uma vez que a empresa é na realidade é uma Fundação beneficiária dos recursos do Funttel – Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações. O Funttel, segundo a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) “tem como fonte de financiamento, 0,5% sobre o faturamento líquido das empresas prestadoras de serviços de telecomunicações e contribuição de 1% sobre a arrecadação bruta de eventos participativos realizados por meio de ligações telefônicas, além de um patrimônio inicial resultante da transferência de R$ 100 milhões do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (FISTEL)”.

Escalar o monte Everest e colocar uma bandeira com a nova logomarca do CPqD não me parece algo que se possa qualificar como “inovação”. Procurei a assessoria da empresa para saber quanto e de onde estão saindo os recursos para essa duvidosa campanha de marketing, pois os riscos são enormes dela sequer chegar a dar certo. Ainda que pese a enorme experiência do alpinista em escaladas ao Everest (será a sexta expedição dele ao Nepal).

De acordo com a Resolução nº116 de 17 de maio de 2018, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, foi aprovado um “Plano de Aplicação de Recursos” para o CPqD no período 2018/2020 de R$ 49,5 milhões. Esses valores serão desembolsados pelo ministério durante o período.

Cabe ao CPqD explicar direitinho se está usando dinheiro de um fundo de Inovação para ações de marketing, um projeto, por sinal de caráter duvidoso, já que não se tem notícias de que alguma multinacional do setor de Telecomunicações ou de outro setor tenha pensado em gastar algo no gênero para promover a sua marca.

Se não está gastando dinheiro do Funttel, então é de se perguntar pra quê esses recursos ainda estão sendo canalizados para uma Fundação, que tem dinheiro sobrando para realizar ações desse gênero e que não devem ser baratas.

* A empresa ficou de “averiguar” meu pedido de informações e de me responder assim que tiver os elementos disponíveis. Vamos aguardar pelas respostas.