Conversa fiada

O governo não se conforma com o resultado negativo da cobertura da imprensa sobre a reunião da UIT. E hoje voltou a reunir os jornalistas para fazer discursos inflamados em defesa de uma democracia na Internet.

Que a meu ver está comprometida com a qualidade dos países que declararam apoio à UIT para se meter na governança da rede. Em troca da possibilidade de controlar conteúdos que entram em seus países, sob alegação de ‘defesa’ e ‘combate ao SPAM’.

Agora o governo decidiu adotar um discurso ‘antiamericano’, como se todo o mal exalado na rede fosse culpa dos EUA. Mas pergunto: O que dizer dos outros 53 países que não apoiaram essa decisão de colocar a UIT na discussão da governança da Internet? São todos meros ‘satélites’ do governo dos EUA?

Os exemplos vindos de países com os quais o Brasil se aliou, em termos de Internet, não são bons. Junte-se à isso que o Brasil mais uma vez colocou as empresas de telefonia para dentro da discussão sobre conteúdo, ao dar para a UIT poderes para tal.

Afinal, este governo deve o quê às teles, para fazer tantas concessões à elas?

Basta ver a quantidade de lobistas que integraram a delegação brasileira, para sabermos que o texto final do governo brasileiro foi redigido à quatro mãos.

Ficou claro que o governo saiu daqui com um discurso e lá praticou outro. Não quer dizer que a nossa Internet será censurada. Estamos maduros o suficiente para não cairmos numa aventura desse gênero.

Mas abrimos caminhos para outros países praticarem esse tipo de crime contra o seu povo. E a UIT fez vistas grossas para isso, em troca de ganhar um espaço na governança da rede. Já disse, um organismo moribundo, sem razão para existir além do gerenciamento de espectro.

Aqui dentro ficou claro para mim que toda essa discussão do Marco Civil é balela. Seja por decreto presidencial, ou pelas portarias do Ministério das Comunicações, quem irá controlar a Internet será a Anatel e, por tabela, as teles.

A mesma agência, que acaba de se dizer ‘surpreendida’ pela decisão da Oi de vender por R$ 300 milhões três imóveis, que são bens reversíveis à União, que deveriam voltar para o patrimônio do povo brasileiro, assim que o prazo das concessões terminasse.

* Dá para acreditar nas boas intenções de uma agência tão capturada pelas teles como ela?